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Temer ignora o ‘furacão Fachin’ de olho nas reformas, mas Congresso hesita

Do El País:

O Brasil se prepara para assistir ao relato minucioso de como sua cúpula política se deixou corromper de modo sistemático nas duas últimas décadas. O país viverá a Semana Santa sob o impacto da divulgação da delação do fim do mundo, as confissões de 78 ex-executivos de uma das maiores construtoras da América: a Odebrechet.

Mas o presidente Michel Temer tenta ignorar a tempestade causada pela divulgação dos nomes na mira do ministro Edson Fachin, relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. Não prevê adotar medidas contra seus oito ministros que serão investigados por corrupção e até pretende acelerar seu impopular programa de reformas.

Diante de tamanha hecatombe, o Congresso não teve outra alternativa, senão interromper os trabalhos. Com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB), entre os citados pelo Supremo, a sessão em que seria votada a renegociação de dívida dos Estados foi encerrada sem a análise da proposta.

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Apesar do claro abalo na gestão Michel Temer e em sua base de apoio, já que, excluindo os petistas e os comunistas investigados, todos os demais investigados são seus aliados, o presidente diz que não tomará nenhuma atitude, por enquanto.

A auxiliares, Temer afirmou que seguirá a regra que ele mesmo criou: serão afastados temporariamente os ministros que forem denunciados pelo Ministério Público e exonerados apenas os que se tornarem réus na Lava Jato. Ou seja, o tempo joga a seu favor, apesar de ele não poder controlar o impacto político e midiático das detalhadas acusações prestes a vir à tona.

O passo desta terça-feira é apenas o primeiro para que diligências sejam feitas para municiar eventuais denúncias (acusações formais) de Janot contra os implicados. A julgar pelo ritmo de decisão do Supremo na Lava Jato, é possível que até o fim de seu mandato, em dezembro de 2018, nenhum deles seja denunciado ou se torne réu. No caso específico de Temer, ele só ser alvo de investigação se for apontado como autor de algo suspeito durante o exercício da presidência, ou depois de maio de 2016.

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