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Temer recebeu PSDB, DEM e PMDB horas antes da decisão de Cunha

Do Globo:

 

No dia do anúncio da abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rouseff e nas horas que sucederam a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o vice-presidente Michel Temer conversou com o PSDB, recebeu em sua casa um grupo de políticos do DEM, se reuniu com a cúpula do PMDB, e esteve por cerca de 30 minutos com a presidente Dilma.

Entre os tucanos, começa a ganhar força uma discussão sobre como o partido deve participar de um eventual governo de transição comandado por Temer, se a presidente Dilma for afastada. No almoço que tiveram com o vice, no Jaburu, horas antes de Cunha anunciar a abertura do processo, tucanos relatam terem entendido que ele, num eventual governo de transição com caráter de união nacional, descartaria um projeto político e não se candidataria em 2018.

Ao grupo, segundo relatos de participantes, Temer disse que não faria nenhum movimento para assumir no lugar da presidente. Os oposicionistas avaliaram que se essa for a saída constitucional, ele estaria pronto para comandar um governo de unidade nacional, nos moldes do que foi Itamar Franco para Fernando Collor.

— Nós dissemos a ele: se a solução for essa, dentro do processo legal, o senhor não estará sozinho, terá apoio para além do que tem. Isso considerando uma proposta de governo e trabalho para um governo de transição, de unidade nacional. Mas se for um governo com projeto político para 2018 não vai dar certo — contou um dos senadores ao GLOBO.

Uma ala do PSDB defende apoio ao governo de transição para tirar o país da crise. Outra, comandada pelo presidente do partido, Aécio Neves (MG), mais cautelosa, diz que é preciso avaliar bem o embarque, olhando para além da crise. O temor é que o PSDB passe a ser atacado pelo PT do ex-presidente Lula como sócio das dificuldades, em 2018.

Presente à reunião, o senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE) contou que Temer foi muito sóbrio, mas disse concordar com os argumentos do grupo:

— Ele ouviu tudo com muita reserva, mas deixando claro que, para tocar o projeto de unidade nacional, “esse cara soy jo”.