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Tijolaço: a companhia publicitária do Doutor Dallagnol

Do Tijolaço:

O Doutor Deltan Dallagnol que, em tese, é procurador da República para trabalhar nos autos dos processos da Operação Lava Jato tornou-se, como todos sabem, um globe-trotter.

Ora está em Brasília, ora em São Paulo ou por toda parte, dando palestras sobre a pureza da atuação da Lava Jato.

Ontem, depois de dias em Brasília, estava na sede da Folha, dando entrevistas para dizer que “Deputados ameaçados pela Lava Jato atuam contra (a) operação“. Também para negar que as “coletivas multimídia” promovidas sob seu comando  sejam “um espetáculo midiático e que a entrevista coletiva para divulgar a denúncia contra o ex-presidente Lula tenha sido um exemplo dessa conduta”, mas sim uma “prestação de contas à sociedade”.

Curioso é que a Folha, lá no finalzinho da coluna Painel, registra que o famoso “cidadão da República de Curitiba”, como ele próprio se definiu, “estava acompanhado de Tiago Stachon, vice-presidente de Planejamento da OpusMúltipla”.

Então, pelo mesmo princípio da transparência, é importante saber que a Opus Múltipla é uma agência de publicidade do Paraná, cujo vice-presidente financeiro era, até março deste ano (e ainda está assim no site da empresa) o senhor João Namir…Moro.

É um sobrenome, apenas, não precisa ser um parentesco.

Mas este Moro falava pela Opus, tanto que foi quem defendeu a empresa quando ela se viu envolvida em supostas fraudes praticadas pelo ex-prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi, na realização de campanha publicitária, em 1999, o que levou a Gazeta do Povo a noticiar, em 2009,  que Tribunal de Contas do Estado do Paraná mandou que fossem  devolvidos R$ 227 mil reais aos cofres públicos.

Não fica claro se a Procuradoria tem um contrato com uma agência de propaganda ou se a companhia de seu vice-presidente – profissional competente, reconhecido e, por isso, caro – é apenas uma cortesia pessoal, algo como guardar uns caixotes para alguém.

São apenas fatos, registros públicos. Não são prova de nada e também não são convicções de coisa alguma. Nada além do bom, velho e demodê exercício da curiosidade jornalística.