Timidez, tela e cansaço: o que dificulta fazer (e manter) amigos hoje

O conceito de “bateria social”, popularizado após a pandemia, descreve o esgotamento mental que muitas pessoas sentem ao lidar com interações presenciais — mesmo aquelas com amigos próximos. O fenômeno reflete uma mudança nos hábitos de convivência, intensificada pela rotina digital e pelo isolamento recente, que tornaram mais difícil manter vínculos afetivos fora das telas.
Segundo especialistas, a manutenção das amizades exige presença ativa e não se sustenta apenas com curtidas ou mensagens. A psicóloga Luciana Karine de Souza destaca que ligações por vídeo, apesar de práticas, não substituem o contato direto e espontâneo que só o encontro presencial proporciona. Já o médico Drauzio Varella alerta que negligenciar os laços afetivos pode impactar não só o humor, mas também o sono, a ansiedade e a qualidade de vida.
A solução, dizem os especialistas, não está em cortar relações, mas em escolher com mais cuidado onde gastar energia emocional. A neurocientista Elisa Kozasa recomenda uma “agenda invertida”, que priorize o bem-estar e momentos pessoais antes das obrigações diárias. Descansar, estabelecer limites e reconhecer os próprios sinais de exaustão são atitudes fundamentais para manter a saúde mental e os vínculos afetivos.
O desafio da vida adulta não é apenas manter as amizades, mas entender que elas também evoluem. Há períodos de afastamento e reconexão, e é justamente nesses ciclos que a reciprocidade e o cuidado se manifestam. Mais do que estar presente o tempo todo, o importante é estar disponível quando importa.