Tirar crianças do celular é mais simples do que você pensa; entenda

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pela Harris Poll em parceria com especialistas em desenvolvimento infantil descobriu que o uso excessivo de celulares por crianças entre 8 e 12 anos está diretamente relacionado à falta de oportunidades para brincar e socializar sem supervisão adulta. O estudo ouviu 500 crianças e constatou que a maioria não tem permissão para atividades simples como brincar no quintal sozinha ou ir ao supermercado sem acompanhamento.
“As crianças não ficam no celular pela dependência da tecnologia, mas porque o espaço virtual oferece liberdade de socialização que falta no mundo real”, explica o relatório. Os dados mostram que mais da metade das crianças de 8 e 9 anos não pode ir ao supermercado sozinha, e mais de 25% não podem brincar com amigos sem supervisão. Essa realidade contrasta com estatísticas de segurança: o risco de sequestro por estranhos é extremamente baixo, equivalendo a um caso a cada 750 mil anos.
Os pesquisadores, incluindo a autora Lenore Skenazy e o psicólogo social Jonathan Haidt, alertam que o excesso de controle parental está impedindo o desenvolvimento de autoconfiança e habilidades sociais nas crianças. “Essa limitação está associada ao aumento de ansiedade e depressão infantil”, destacam. Paralelamente, os pais relatam níveis crescentes de estresse ao tentar monitorar constantemente as atividades dos filhos.
A solução, segundo os especialistas, não está em simplesmente restringir o uso de telas, mas em oferecer mais autonomia às crianças. “É preciso permitir que elas explorem, brinquem e convivam com os amigos sem supervisão constante”, conclui o estudo, sugerindo que pais repensem seus medos excessivos e criem oportunidades para que os filhos desenvolvam independência no mundo real.