Tonico Ferreira admite que agressividade contra repórteres foi causa de sua saída da Globo
Segundo publicação da Folha, Tonico Ferreira, 71, tinha mais dois anos de contrato para cumprir na Globo e chegaria perto de completar 40 na emissora, mas decidiu sair em abril. É verdade que queria mais tempo para a família, para estudar e viajar, como disse na carta à direção de jornalismo.
Mas agora, passada a eleição, admite que outra razão pesou: o clima político e a agressividade contra jornalistas.
Qualquer cobertura com multidão, diz, tornou-se um risco para os repórteres, principalmente os de TV, mais conhecidos. É algo que “vai tirando o prazer da profissão” ouvir as pessoas xingando a imprensa, a Globo, colocando cartazes na frente de jornalistas ao vivo, como aconteceu com ele quando cobria a prisão do ex-ministro José Dirceu, em 2015.
O petista aliás, é um velho conhecido de Tonico, que, antes da Globo, foi um nome importante da imprensa de oposição à ditadura. Seu primeiro salário só foi pago porque Dirceu, então seu colega no movimento estudantil, organizou um pedágio na rua para arrecadar dinheiro para o jornal.
Em 1984, Tonico, quando cobria um comício das Diretas Já, falou, brincando, em entrevista a Ernesto Varella, personagem de Marcelo Tas: “Fui dos jornaizinhos de oposição para o jornalão da situação”.
E admitiu que a Globo havia vetado até então a cobertura do movimento. Sobre a ousadia de ter dito isso sobre a empresa que o empregava, e em plena ditadura, afirma hoje: “A única coisa que não pode acontecer com um jornalista é se acovardar, perder a audácia. Mesmo no momento atual, tem que ser audacioso”.