Trump e Bolsonaro querem liderar aliança mundial antiaborto

Da Coluna de Jamil Chade no UOL.
Os governos do Brasil e dos EUA querem liderar uma aliança internacional com a adoção de uma declaração pela qual estabelecem princípios básicos na questão da saúde da mulher. A iniciativa, porém, é dominada pela vontade dos governos em reafirmar a rejeição ao aborto e a defesa da família. O documento será adotado no dia 8, depois de meses de uma intensa aproximação do governo brasileiro às alas mais conservadoras da sociedade americana.
Nesta quarta-feira, um requerimento foi apresentado pela entidade Conectas Direitos Humanos à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional e à Comissão de Direitos Humanos do Senado “para que convoquem o Ministro de Estado de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para prestar esclarecimento sobre iniciativa co-patrocinada pelo Brasil e Estados Unidos da América”.
Procurado, o Itamaraty não se pronunciou até o momento. Em seu discurso na Fundação Getúlio Vargas, há dez dias, o embaixador americano no Brasil, Todd Chapman, fez referência ao projeto. Segundo ele,”Brasil e Estados Unidos estão conjuntamente patrocinando a Declaração do Consenso de Genebra para assegurar ganhos significativos de saúde e desenvolver para a mulher e defender a família”.
O projeto surge depois de uma polêmica em relação ao papel do governo diante do caso de uma garota de dez anos que, depois de abusada sexualmente, teve dificuldades para conseguir realizar um aborto legal. O Ministério da Saúde, segundo reportagem de Maria Carolina Trevisan, publicou uma portaria que dificulta o acesso ao aborto legal. Segundo ela, as novas medidas expõem a vítima de violência a mais constrangimentos, tornam o processo mais burocrático e revitimizam a mulher violentada -tudo isso com um verniz que aparenta buscar punição ao agressor.
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