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UE tenta pressionar Brasil a não fazer novos negócios com Moscou

Quando a União Europeia decidiu impor uma terceira rodada de sanções contra a Rússia, no fim de julho, não esperava que, desta vez, fosse tão rapidamente retaliada. Moscou reagiu com um embargo à compra de produtos agrícolas de países do bloco. E, agora, Bruxelas está tentando fazer com que o resto do mundo a acompanhe e ajude a pressionar o Kremlin.

As sanções russas não só abrem uma lacuna no mercado com a Europa, como criam uma oportunidade para outros países lucrarem. Países como Brasil, Peru e Chile, grandes produtores regionais, já sinalizaram estar de olho em possíveis novos negócios com os russos.

No ano passado, a Rússia gastou mais de 25 bilhões de dólares em produtos que estão atualmente afetados pelas sanções. Uma porta-voz da autoridade sanitária russa disse que Moscou já está conversando com outros mercados, na tentativa de encontrar novas fontes para suas importações. Segundo ela, o Brasil e o Chile estariam dispostos a vender carne; o Equador e o Chile, peixe e laticínios.

Fontes do setor responsável pelo comércio da UE evitam citar nomes, mas admitem que há conversas em andamento com vários países da América Latina, no sentido de dissuadi-los de uma maior aproximação comercial com a Rússia.

Segundo as fontes, não há meios legais de pressionar os latino-americanos. O que se está tentando é apelar para a consciência moral desses países e indicar as consequências políticas de se aproveitar do conflito na Ucrânia – e das sanções recíprocas entre Rússia e UE – para lucrar.

Para Carl Meacham, diretor do programa para as Américas do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington, os latino-americanos não cederão tão facilmente à pressão europeia. Quando se trata do comércio com Moscou, observa, “a região não encontra imperativo moral para seguir a política de Bruxelas com a Rússia”.

De fato, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura do Brasil, Seneri Paludo, já declarou que o embargo russo pode abrir portas às exportações brasileiras. “A Rússia tem um potencial de grande consumidor de commodities agrícolas, não só de carne”, afirmou.

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