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UFRJ: alunos denunciam racismo em seleção de cotas

Do Dia

Jovem foi declarada “não apta” a usufruir da vaga destinada para candidatos autodeclarados pretos ou pardos – Arquivo Pessoal
Após diversas denúncias de fraudes no sistema de cotas das universidades públicas do país, a história parece ganhar um novo enredo. Alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) denunciam ao O DIA, nesta terça-feira, um caso de racismo ocorrido no campus Fundão, na Ilha do Governador. Segundo relatos, Julia Rios da Silva, de 22 anos, teria perdido sua vaga após a Comissão de Heteroidentificação da instituição – que avalia o fenótipo dos candidatos (características físicas) que tentam ingressar por cotas – declarar a jovem como “não apta” a usufruir da vaga destinada para candidatos autodeclarados pretos ou pardos.

“Eu passei o dia inteiro na universidade, perdi o meu dia de trabalho. Foi uma situação muito humilhante, eles colocaram (a etnia) na condição da opinião de outras pessoas. Eu sou parda, tenho embasamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Então tudo que eu aprendi sobre mim até hoje é mentira? Eles dizem que não sou o que eu cresci achando que era. Não sei o que fazer. É o meu direito”, desabafou a jovem.

De acordo com um estudante, que não quis se identificar por medo de retaliações, o episódio é novidade e consequência da implementação da comissão reguladora. “Estou aqui na UFRJ há três anos e nunca tinha visto algo tão absurdo. Eu tenho o mesmo fenótipo que ela, entrei por meio de cota e não passei por isso. Ela aparentemente perdeu a vaga por conta dessa comissão, é o primeiro ano que isso está sendo implementado. Ela tem um black gigante, é filha de um homem negro, você olha e vê que é afrodescendente”. (…)