UPPs promovem apenas ocupação policial nas favelas do Rio, dizem especialistas
Ataques coordenados a Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro deixaram dois policiais feridos e um rastro de destruição: ônibus e viaturas queimadas, postos atingidos e um clima de medo.
As ações começaram na quinta-feira (22/03) e colocaram as autoridades de segurança do Rio em alerta. Homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque foram acionados para reforçar a segurança nas favelas ocupadas.
Após reunião de emergência da cúpula de segurança do estado, o governador do Rio, Sérgio Cabral, classificou os ataques como uma “tentativa da marginalidade de enfraquecer a política vitoriosa da pacificação” e reconheceu que a inteligência havia detectado os ataques e tem gravações de diálogos entre chefes das organizações criminosas.
A situação levou o governo estadual a pedir ajuda de tropas federais. A solução temporária, entretanto, é vista com preocupação por especialistas em segurança pública, que alertam para um distanciamento do objetivo inicial das UPPs – de promover mudanças mais profundas nas comunidades – e a volta a um modelo de mera ocupação.
“Não é uma questão policial, é um problema de ordem urbana”, avalia o professor Paulo Jorge Ribeiro, do departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio. Para ele, as populações das comunidades ocupadas nutriram grande expectativa para a criação de projetos de educação saúde, cultura, lazer e capacitação para os jovens, mas viram outro resultado. “O que acontece é uma ocupação policial”, diz.
Houve registros de violência também nas unidades do Complexo do Alemão
Para ele, os mais recentes ataques não têm como alvo apenas os profissionais que trabalham nas UPPs. “A polícia das UPPs é a mesma policia que produz ‘Amarildos’, é a mesma que produz pessoas arrastadas e mortas em tiroteios.
Se aquelas comunidades antes eram reféns do trafico de drogas e do seu terror, agora elas simplesmente estão sendo ocupadas por outra força”, diz Ribeiro.
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