“Usar as regras de segurança para impor restrição física aos jornalistas é um perigoso precedente”, diz Miriam Leitão

Leia alguns trechos da coluna de Miriam Leitão no Globo desta terça-feita (01):
A necessidade real de segurança do presidente eleito está sendo usada como pretexto para restringir o trabalho da imprensa. É claro que a segurança do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e dos chefes de Estado que estão entre nós exige a imposição de regras, mas o que está acontecendo com os jornalistas é impensável e inaceitável.
Eles só podem ir e voltar para um ponto específico e com o transporte do governo. Mas assim: têm que chegar oito ou nove horas antes da parte do evento que cobrirá, só poderá ficar num mesmo cercado, sob pena de ser retirado do local e responder processo. Exemplo, quem tem credencial para o Congresso teria que chegar às 7h para um evento que começa às 15h. Fica no seu setor e de lá não pode sair. Se tiver conseguido também a credencial para outro momento da posse não poderá ir. Terá que ficar no mesmo local, depois de tudo terminado no Congresso, esperando a hora que o governo quiser retirá-lo do local para levá-lo de volta ao ponto inicial.
(…)
Durante a campanha e a transição os sinais de hostilidade à imprensa, ou pelo menos à parte da imprensa que não está disposta a simplesmente fazer a louvação dos novos poderosos, foram muitos. Este sinal de usar as regras de segurança para impor restrição física aos jornalistas e de exigir um desgaste fisico, de horas de espera além do razoável, é um perigoso precedente.