Vacinação segue indefinida no Brasil de Bolsonaro, ao contrário da Argentina e do Chile

De Maria Eduarda Cardim no Correio Braziliense.
Enquanto países vizinhos, como Argentina e Chile, anunciam o início da vacinação contra a covid-19 para os próximos dias, o Brasil vive a incerteza da previsão de uma data para a campanha de imunização, que só deve começar em 2021. Ainda assim, o governo federal não crava uma data para que a população comece a receber a tão esperada vacina. Conhecido por ser um especialista em logística, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, justificou que “o cronograma de distribuição e imunização é mutável”. Para especialistas, a indefinição do começo da vacinação é consequência da falta de uma política nacional de combate ao novo coronavírus.
“Tudo que estamos vivendo em relação ao fato de não conseguir definir quando começa um plano nacional de imunização é porque o Brasil nunca teve uma política nacional de enfrentamento à covid-19. Nunca se fez um planejamento das ações necessárias para este combate. Como não temos essa política de enfrentamento à covid, quantos óbitos vamos ter até a vacina chegar?”, questionou o infectologista Leandro Machado.
Na quarta-feira, o ministro da Saúde reforçou que a previsão para o início da vacinação é mutável por conta das constantes mudanças de cenário. “Empresas que apresentam novas propostas, fabricação que é interrompida ou acelerada e registro na Anvisa”, enumerou Pazuello, para explicar a dificuldade em definir o calendário para a imunização em massa no país. O general ainda voltou a afirmar que, na melhor das hipóteses, a vacinação deve acontecer a partir de 20 de janeiro; na pior hipótese, segundo ele, fim de fevereiro.
Apesar de compreender as dificuldades na busca por uma vacina, a situação denota o atraso na saúde. Para Leandro Machado, “a impressão que (o governo) passa é de que se deixou correr solto o vírus no Brasil na expectativa de se infectar o maior número de pessoas possíveis e só, aí, conseguir a imunidade para controlar o vírus. Mas, para isso acontecer, precisaríamos de 60% a 70% de pessoas infectadas; além de aceitar um número muito grande de óbitos”.
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