Veja critica MBL em matéria por fake news – depois de tê-los incentivado no golpe de 16
A revista Veja publicou um texto chamado “O Mundo Mágico do MBL” criticando o grupo de Kim Kataguiri. Caracteriza-os como uma “máquina de marketing” e dá detalhes sobre a fundação e o apoio deles a João Doria Jr. e Flávio Rocha da Riachuelo para tentar emplacar um candidato ao cargo de presidente.
Kim Kataguiri, o líder do Movimento Brasil Livre (MBL), anunciou que o grupo vai apoiar o empresário Flávio Rocha para concorrer à Presidência da República. Ótimo para o MBL e ótimo para Rocha. Mas é bom que se diga logo: não se trata aqui de um movimento político aderindo a um candidato. Primeiro porque o dono da Riachuelo ainda não é candidato e nem partido tem. Depois porque o MBL, em que pese a tentativa de dedaço de Kataguiri, não é propriamente um movimento político — está bem mais para uma azeitada máquina de marketing do que para uma legenda partidária.
O grupo surgiu em maio de 2014, quando dois jovens filiados ao PSDB decidiram criar um movimento para renovar a política de sua cidade — Vinhedo, no interior de São Paulo. O lançamento, na praça central, foi um fracasso retumbante. Não reuniu mais que uns poucos gatos pingados. Mas um dos jovens, Renan Santos, então com 30 anos, resolveu ir adiante. Montou uma página no Facebook e começou a abastecê-la com alvo certeiro: críticas ao PT. Com a ajuda de amigos publicitários e youtubers — entre eles Kataguiri —, passou a produzir em escala industrial memes com potencial de viralização. Seis meses depois, estava na Avenida Paulista, no coração de São Paulo, liderando manifestações em favor do impeachment de Dilma Rousseff. Hoje o grupo reúne mais de 2,6 milhões de seguidores nas redes.
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A incursão do grupo nas escolas foi uma das estratégias usadas pelo MBL para recuperar sua popularidade nas redes depois da queda de Dilma Rousseff e do esfriamento das manifestações. Outras, adotadas com o mesmo fim, foram comprar briga com alguém mais popular que eles (como a que ocorreu com Caetano Veloso, por exemplo) e disseminar fake news, como aconteceu recentemente no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco. Dias após a morte de Marielle, o grupo compartilhou no Facebook um texto que tratava como verdadeiras as falsas informações postadas pela desembargadora Marilia Castro Neves — de que Marielle teria sido eleita pelo Comando Vermelho e financiado sua campanha com dinheiro do tráfico. Tudo mentira. A postagem teve mais de 30 000 compartilhamentos só no Facebook. Quando os boatos foram desmentidos, o MBL se limitou a deletar a postagem e jamais se retratou.
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O que a Veja não explica, e sequer lembra, é o papel que a própria revista teve na ascensão do MBL. Além de textos que endossaram seus protestos, colunistas como Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo, antes de seu pedido de demissão, serviram de trampolim para Kim e sua turma.
Agora que o grupo é fortemente criticado pelas fake news que espalhou, a revista Veja limpa suas mãos.