“Velho da lancha” é condenado a 18 anos por traficar brasileiros à máfia chinesa em Mianmar

O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) manteve a condenação de André Luis Sales Cunha, acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de participar de um esquema de tráfico humano que levou 12 brasileiros para Mianmar. As vítimas, resgatadas em 2022, eram obrigadas a aplicar golpes na internet em condições análogas à escravidão. A decisão, tomada em maio, teve o sigilo levantado recentemente.

André Cunha, que se identificava como “velho da lancha” nas redes sociais, recebia US$ 500 por pessoa aliciada. As vítimas eram enganadas com promessas de emprego na Tailândia, mas acabavam no KK Park, complexo controlado pelo crime organizado chinês em Mianmar, país em guerra civil desde 2021. “O local funciona como uma fábrica de golpes, com condições degradantes”, descreveu o MPF.

Segundo a denúncia, os brasileiros tinham passaportes confiscados e acumulavam dívidas por alimentação, medicamentos e multas por não cumprir metas. “As multas eram aplicadas por diversos motivos, como atrasos ou necessidade de atendimento médico. O pouco que recebiam era gasto no próprio parque, com produtos superfaturados”, afirmou o MPF. André Cunha descreveu o KK Park como um “complexo militar, tipo um quartel”, com vigilância armada.