Vendedor de vacina diz que militar e empresário estavam com funcionário da Saúde durante pedido de propina
O representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, contou à Folha de S.Paulo que o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, estava acompanhado no jantar em que teria proposto propina de U$ 1,00 por dose para fechar contrato de vacinas.
“E, olha, foi uma coisa estranha porque não estava só eu, estavam ele [Dias] e mais dois. Era um militar do Exército e um empresário lá de Brasília”, ressaltou Dominguetti.
Ao questionado se ele tinha certeza que o encontro foi com o diretor de Logística do ministério, Dominguetti respondeu: “Claro, tenho certeza. Se pegar a telemetria do meu celular, as câmeras do shopping, do restaurante, qualquer coisa, vai ver que eu estava lá com ele e era ele mesmo”.
“Ele [Dias] ainda pegou uma taça de chope e falou: ‘Vamos aos negócios’. Desse jeito. Aí eu olhei aquilo, era surreal, né, o que estava acontecendo”, disse ainda.
“Eu estive no ministério, com Élcio [Franco Filho, ex-secretário-executivo do ministério], com o Roberto, ofertando uma oferta legítima de vacinas, não comprou porque não quis. Eles validaram que a vacina estava disponível”, completou.
Segundo o vendedor de vacina, o jantar aconteceu em 25 de fevereiro, na véspera de uma agenda oficial com Roberto Dias no Ministério da Saúde e um dia após o país ter atingido a marca de 250 mil mortos pela pandemia do coronavírus.
Roberto é mais um indicado por Ricardo Barros (Progresistas-PR) e sua nomeação se deu na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).