Vereadora trans diz que foi demitida de escola em BH por sofrer ameaças de morte

Do Estado de Minas:
Ao assumir como vereadora na Câmara Municipal de Belo Horizonte, a professora Duda Salabert afirmou que gostaria de conciliar o cargo político com a docência. No entanto, ela foi demitida do Bernoulli, grupo em que atuou por 13 anos como professora de literatura. O desligamento foi confirmado pelo grupo neste sábado (6/2). Duda se tornou a vereadora mais bem-votada da história da capital, quando obteve 37.613 votos. Mulher trans, Duda defende as bandeiras da diversidade, defesa do meio ambiente e da educação.
Ao EM, Duda afirmou que o fator determinante para sua saída foram as ameças de mortes que recebeu. Nas mensagens, o agressor dizia que iria atingi-la e aos alunos na escola. Ela não acredita que a demissão tenha sido motivada por ser uma mulher trans. “Não é só a transexualidade. Sou uma transexual ameçada de morte”, afirma. Duda diz que esperava pela demissão desde quando recebeu os e-mails anônimos. “A saída já era esperada, depois de ameaças de morte que recebi. Sabia que a pressão dos pais era grande para me demitirem”, avalia. Outro fator, segundo a vereadora, é a crise econômica que atinge as escolas. “Vivemos uma crise financeira e as escolas estão preocupadas com orçamento. Houve uma queda de matrícula”, argumenta.
Duda, porém, não pretende parar de lecionar. Ela planeja abrir um curso para educação de adultos, voltado para mulheres encarceradas. “Posso estar na política, mas sou professora”, frisa. O trabalho será voluntário e as aulas gratuitas. Duda já fazia trabalho semelhante no pré-vestibular Transvest. A demissão de Duda revela a situação da população trans no mercado de trabalho. Ela não atribui sua saída ao fato de ser uma mulher trans, mas lembra que ela era uma exceção por ter um emprego formal e ainda na função de professora. Duda destaca que, no relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, apenas 4% da população trans está inserida no mercado de trabalho formal. “São raras as professoras transexuais contratadas, eu era uma exceção”, disse.
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