Violência e racismo fazem negros viver menos que brancos no Brasil, diz estudo
Um novo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) comprova que as chances de um negro ser assassinado no Brasil são muito maiores do que as de uma pessoa que não é negra. O documento foi divulgado nesta quinta-feira (19/11), véspera do Dia da Consciência Negra.
Segundo o estudo Vidas Perdidas e Racismo no Brasil, além da situação socioeconômica e do acesso desigual às políticas públicas, também o racismo da sociedade brasileira tem influência direta nos elevados índices de mortes violentas de negros.
Em consequência, a expectativa de vida dos negros é menor do que a de brancos e índios. Isso vale principalmente para homens negros jovens, de baixa escolaridade. A maioria das mortes ocorre por arma de fogo.
O estudo lembra que a população de negros e pardos é de 93,9 milhões, apenas um pouco menor que a de pessoas não negras, que é de 96,7 milhões.
Os últimos dados do IBGE afirmam que, enquanto o número de homicídios para cada grupo de 100 mil negros é de 36, o de não negros é de 15,2. A proporção é de 2,4 negros mortos para cada uma pessoa não negra.
Alagoas é o estado em que é registrada a maior diferença entre a morte violenta de negros e não negros: 17,4 negros mortos para cada vítima de outra cor.
“Essa diferença na taxa de homicídios de negros e não negros não pode ser explicada meramente pela diferença socioeconômica. Uma das razões certamente é o racismo”, afirma Daniel Cerqueira, diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e Democracia do Ipea e um dos autores do estudo.
O estudo também aponta que, por causa da violência, a expectativa de vida dos negros é menor. Se consideradas todas as formas de violência letal (homicídios, suicídios e acidentes), os homens brasileiros de cor negra perdem 3,5 anos de vida, enquanto que os não negros perdem 2,57 anos.
Saiba Mais: DW Brasil