Viúva de mototaxista morto por PM no Rio contesta versão oficial: “Ele não vai voltar”

Dayene Nicacio Carvalho, de 25 anos, enterrou no último domingo (9) o marido, Andrew Andrade do Amor Divino, de 29, morto por um tiro de fuzil durante abordagem policial na Pavuna, Zona Norte do Rio. “Meu marido não era bandido. Era trabalhador. Só queria voltar pra casa”, desabafou a viúva. A Polícia Militar afirmou que Andrew não obedeceu à ordem de parada e avançou com o veículo, levando um agente a atirar.
Dayene contesta a versão oficial. Ela relata que o marido voltava de uma comemoração no carro de um vizinho, com os vidros fechados e som alto. “Às 11h59 perguntei se ele já estava vindo, e ele respondeu que já estava chegando. Meia hora depois, aconteceu tudo”, contou. A viúva destacou que Andrew era habilitado e o carro estava em dia: “Não tinha por que fugir”.
O casal, junto há oito anos, tinha dois filhos: um menino de seis anos e um bebê de 28 dias. Dayene descreveu Andrew como trabalhador: mototaxista, entregador e recentemente consertava celulares em casa. “Eles tiraram o pai dos meus filhos. Acabaram com a minha família”, lamentou. O filho mais velho, que acompanhou o enterro, disse à mãe: “mãe, a polícia matou o meu pai”.
A Polícia Militar informou que instaurou procedimento interno para apurar o caso, que também é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital. A corporação manteve sua versão de que ocupantes de três motos atiraram contra os agentes antes da abordagem a Andrew, e que o motorista não obedeceu à ordem de parada.
