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Voepass pede recuperação judicial e culpa Latam; dívida chega a R$ 429 milhões

Em um dos vários acidentes com aeronaves da companhia, avião da Voepass foi parara na grama após barra de rebocagem quebrar. Foto: reprodução/Aeroin

Com as operações suspensas desde março, a Voepass protocolou nesta terça-feira (22) um pedido de recuperação judicial, tentando evitar a falência e reestruturar sua dívida, que soma R$ 429 milhões.

Segundo o CEO José Luiz Felício Filho, a medida é “a única saída” para garantir a continuidade da empresa, que considera seus voos regionais como essenciais ao desenvolvimento do Brasil.

Caso o pedido seja aceito pela Justiça, será a segunda recuperação judicial da empresa — a primeira ocorreu entre 2012 e 2017. A companhia está sob fiscalização da Anac desde a queda de uma de suas aeronaves em Vinhedo (SP), em agosto de 2024, que deixou 62 mortos. A Anac suspendeu as operações da Voepass em março por “quebra de confiança” e falhas nos protocolos de segurança.

A aérea, formada pela Passaredo e Map Linhas Aéreas, operava com seis aeronaves em 17 destinos antes da suspensão. Após a paralisação, a empresa iniciou demissões para “readequar o quadro de funcionários”.

A Voepass alega que a crise foi agravada pela Latam, sua ex-parceira de codeshare. Segundo a aérea, após o acidente de agosto, a Latam teria suspenso de forma unilateral a operação de quatro aeronaves e estaria retendo valores devidos. A disputa está sendo tratada em processo de arbitragem. A Latam, por sua vez, nega as acusações e afirma que a rescisão se deu por razões operacionais e de segurança.

Do total da dívida, R$ 209 milhões estão sujeitos à recuperação judicial — incluindo R$ 43 milhões em passivos trabalhistas com mais de 400 processos. Outros R$ 187 milhões são dívidas com credores extraconcursais, incluindo valores em dólar.

A empresa afirma que os processos indenizatórios relacionados ao acidente estão sendo tratados diretamente pela seguradora e não fazem parte da recuperação judicial.