Wagner Moura denuncia que cultura está sob censura no Brasil: Marighella não é caso isolado

Leonardo Sakamoto entrevistou Wagner Moura no UOL.
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Quando é que Marighella será lançado no Brasil?
Não sabemos. Seria no final de novembro do ano passado, mas, agora, não temos data.
E o que está impedindo?
Como grande empresa, a O2 não pode chegar e dizer que a Ancine censurou o filme. Mas eu posso. Sustento o que já disse. É uma censura diferente, mas é censura, que usa instrumentos burocráticos para dificultar produções das quais o governo discorda. Não há uma ordem transparente por parte do governo para que isso aconteça, no entanto já vimos Bolsonaro publicamente dizer que a cultura precisa de um filtro. E esse filtro seria feito pela Ancine.
O filme, como tantas outras produções artísticas, havia se beneficiado de recursos do Fundo Setorial do Audiovisual. Mas a Ancine negou pedidos da produção que possibilitariam o lançamento. A agência tinha o direito de negá-los, sua decisão não foi tecnicamente ilegal. Mas não havia razão alguma para isso, ou seja, essa negativa tem a ver com o contexto em que estamos vivendo.
A forma que o governo escolheu para censurar a cultura no Brasil foi aparelhar instituições, como a Ancine, uma vez que nosso cinema, nosso teatro, ainda são – infelizmente – dependentes de recursos públicos. Quando a Ancine é aparelhada pelo bolsonarismo, qualquer pedido com relação a um filme como o Marighella será negado.
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