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Washington Post: ‘Decisão do STF obscurece ainda mais a reputação de Moro’

Sérgio Moro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O jornal norte-americano Washington Post analisou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou o ex-juiz Sergio Moro parcial no julgamento do caso do triplex do Guarujá, que condenou o ex-presidente Lula à prisão.

O artigo, escrito pelo correspondente do jornal no Brasil, Marcelo Silva de Sousa, reconhece que a decisão “obscurece ainda mais a reputação de Moro e a ampla investigação de corrupção da Lava Jato que ele presidiu por anos”.

Leia alguns trechos abaixo:

A Suprema Corte do Brasil decidiu na terça-feira que o ex-juiz Sergio Moro foi tendencioso na maneira como supervisionou o julgamento de corrupção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fornecendo justificativa para o líder esquerdista que há muito reclama de perseguição política.

A decisão obscurece ainda mais a reputação de Moro e a ampla investigação de corrupção na Lavagem de Carros que ele presidiu por anos. Ele condenou centenas de líderes empresariais e políticos que antes acreditavam estar impunes e se transformou em uma das figuras públicas mais conhecidas do Brasil. Alguns o saudaram como um herói, enquanto outros o acusaram de ser um fanático.

“Neste caso o que está em discussão é algo que para mim é fundamental: todos têm direito a um julgamento justo, ao devido processo legal e à imparcialidade do juiz”, disse a ministra Carmen Lúcia, que deu o voto de desempate. (…)

Embora a decisão do início deste mês tenha aberto caminho para Lula enfrentar o Bolsonaro nas eleições de 2022, ela também foi interpretada por especialistas jurídicos como um meio de evitar uma decisão sobre as alegações de parcialidade de Moro, preservando assim as condenações e credibilidade da Lava Jato. Outro juiz pediu uma votação sobre o assunto pendente de qualquer maneira.

Com sua decisão de 3 a 2 na terça-feira, os ministros proibiram que as evidências coletadas na investigação do Lava Jato sobre a suposta propriedade de Lula, um triplex na cidade litorânea de Guarujá, fossem usadas em qualquer eventual julgamento. Os magistrados não decidiram se as evidências coletadas anteriormente poderiam ser usadas para repetir a outra condenação do petista, ou em seus outros dois casos criminais não resolvidos. (…)