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Wilson Witzel, governador eleito do Rio: “a polícia vai mirar na cabecinha e… fogo”

A jornalista Roberta Pennafort do Estado de S.Paulo entrevistou Wilson Witzel.

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O sr. se apresenta como uma novidade. Já se sente político?

Eu estou governador durante quatro anos. Se o povo avaliar bem, a gente fica mais quatro. Acho a reeleição saudável. Não concordo com o presidente Bolsonaro nessa. Ele vai acabar ficando oito anos também.

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O senhor defende a excludente de ilicitude para policiais. Então no caso do policial que mata em serviço não deve haver mesmo qualquer responsabilização?

Se for um ato em confronto, em que o policial está acobertado por uma excludente de ilicitude, não é homicídio, é morte em combate. A excludente está no Código Penal desde 1940, Artigo 25. (Responsabilização) em hipótese alguma. É auto de resistência e arquivo. O ato é lícito.

Não há consenso sobre a interpretação de que basta o bandido estar de fuzil, sem mirar em alguém, para que se configure ato em legítima defesa.

Se estiver mirando em alguém, tem de receber tiro na cabeça na hora.

Se não há agressão, é legítima defesa sem dúvida?

Também tem de morrer. Está de fuzil? Tem de ser abatido.

Se o senhor dá essa autorização expressa e o policial depois é processado, a responsabilidade não cai no seu colo?

Não vai cair no meu colo nada. Vai cair no colo do Estado. O Estado tem de entender que tipo de segurança pública quer.

Houve casos de pessoas que morreram porque estavam com uma furadeira ou um guarda-chuva. Os policiais se confundiram. Atira primeiro e verifica depois?

Quem atirou é um incompetente, não devia ter atirado. Não estava preparado. Se fizer um curso de “sniper”, vai estar preparado para identificar quem está de guarda-chuva.

O senhor falou em colocar “snipers” em helicópteros. Os moradores das favelas ficam em pânico nessas operações.

E os cinco bandidos de fuzil atirando para tudo quanto é lado não contam, não? A errada é a polícia?

Da polícia o cidadão espera a conduta correta; do bandido, não…

O correto é matar o bandido que está de fuzil. A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e… fogo! Para não ter erro.

Essa diretriz não vai aumentar os índices de letalidade?

Vai reduzir os índices de bandido de fuzil em circulação.

Se matar bandido reduzisse a violência, o Rio seria um paraíso…

Então não está matando, não é? Está deixando de matar.

O senhor está dizendo que a polícia do Rio mata pouco? Só em agosto, foram 175 pessoas mortas por policiais (um aumento de 150% na comparação com agosto de 2017).

Tem de resolver o problema, não está sendo resolvido.

A polícia do Rio é a que mais morre e a que mais mata do Brasil.

É que tem muito bandido na rua. Mas não é só um lado da moeda. Tem a questão do combate à lavagem, o trabalho para asfixiar quem está fornecendo fuzis. Não é só fazer guerra: tem de tirar o fuzil de circulação, evitar isso. Caso contrário, não adianta, é chover no molhado. É incompetência de todos os lados.

 Pelo seu discurso, o senhor parece defender a lógica do confronto, que já se provou ineficaz no Rio.

Não, eu apoio a investigação. O confronto será realizado se necessário for. Se um bando de criminosos de fuzil, o Comando Vermelho e a Amigos dos Amigos, resolve fazer uma guerra de facção, quem é que para isso? A polícia vai ficar assistindo eles? Serão todos abatidos.

Na sua opinião, o Rio vive uma guerra?

Tem muita gente de fuzil na rua, precisa ser reduzido. A estratégia é identificá-los e prendê-los. Vamos utilizar um sistema de reconhecimento facial, usar drones, câmeras. Quem estiver de fuzil vai ser identificado e preso.

A policia do Rio é mal treinada. Como se resolve isso no curto prazo?

A polícia está mal orientada. O policial está com dúvida. ‘O que eu faço? Atiro ou não atiro?’ Identificou uma agressão? Atira! Agora vai ser treinada. Vai passar por palestras. Vamos criar a Universidade da Segurança Pública. O Exército está fazendo treinamento. Se não foi suficiente, vamos continuar. Tem quatro anos.

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Wilson Witzel (PSC) (Foto: Wilson Witzel/Facebook/Reprodução)