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Zezé Motta: quilombolas sob o governo FHC “muito cabisbaixos”. Já no governo Lula, eles tiveram voz

O jornalista João Carneiro, da Coluna de Mônica Bergamo na Folha, entrevistou a atriz e cantora Zezé Motta, de 74 anos.

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Nas primeiras experiências nos locais, sob o governo FHC, ela diz que viu quilombolas “muito cabisbaixos, quietinhos, calados, muito subservientes”. “Quando eu fui, já no governo Lula, da superintendência [de Igualdade Racial do Rio de Janeiro], já senti eles, sabe… com voz. Cobrando, denunciando.”

Zezé relembra também a vez em que ela, recebida com outros atores em um quilombo no Maranhão, percebeu como os quilombolas “não abrem mão da tradição”. Reunida para conversar com alguns deles e com hora para voltar à cidade, ela instou o jovem que recepcionava o grupo a começar o debate: “Vamos?”.

Mas o anfitrião recusou: “Não. Passo a palavra para o mais velho, porque aqui é assim que funciona”. “O senhorzinho de quase 90 anos fez uma introduçãozinha e depois passou a palavra para os outros. Fiquei muito emocionada”, conta ela.

“E a experiência nos quilombos ajudou a moldar sua visão política?”, pergunta o repórter. Zezé reage com uma longa risada, mal conseguindo completar as palavras: “Minha visão política-ha-ha-ha!”. 

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Zezé Motta. Foto: Reprodução