Está cada vez mais claro quem são os “políticos poderosos” de quem Raul Jungmann fala. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 12 de março de 2019 às 18:31
Raul Jungmann. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Agatha Christie, a escritora inglesa imortalizada pelos seus romances policiais, ficaria estarrecida com o que se passa no Brasil em matéria de suspense, assassinatos e tramas criminais envolvendo grandes personagens da vida pública.

A associação é inevitável.

Após um ano de investigações sem que praticamente ninguém tivesse ideia de quem seriam os autores do brutal assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, ficamos sabendo que um dos assassinos mora no mesmo condomínio do presidente da República, a passos de sua área de lazer.

Embora neguem, não será surpresa se as autoridades que investigam o caso levarem suspeitas para dentro do Palácio do Planalto.

A prisão do PM Ronnie Lessa e do ex-PM Élcio Vieira de Queiroz representa um passo fundamental para que o mais importante seja revelado: quem foram de fato os mandantes do crime?

Pergunta essa que não será respondida sem que se traga à luz os personagens a quem se referia o então ministro da Justiça, Raul Jungmann, quando em novembro de 2018 afirmou categoricamente ter certeza que “políticos poderosos” estariam envolvidos no caso.

Aqui cabe lembrar que na mesma ocasião Jungmann também afirmara que por pelo menos três vezes a Polícia Federal foi impedida de investigar o crime por autoridades do estado do Rio de Janeiro.

Não é preciso ter uma idade mental maior do que a de Carlos Bolsonaro para que se comece a ligar os pontos e passe a se perguntar quais autoridades do Rio de Janeiro teriam interesse e poder para obstruir essas investigações.

É óbvio que do verdadeiro consórcio criminal que se transformou uma gigantesca parcela dos políticos fluminenses, o leque de suspeitos não é pouca leva.

Mas como nesse país tudo é superlativo em matéria de absurdos, os últimos capítulos desse terrível suspense podem nos anunciar, entre tantas outras coisas, que entre os cúmplices do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, encontram-se não só “políticos poderosos”, mas milhões de brasileiros.