
A advogada Catarina Fugulin, especialista em exploração sexual infantojuvenil, afirmou, em entrevista ao Estadão, que o youtuber Felca “furou a bolha” ao denunciar o influenciador Hytalo Santos, preso na última sexta-feira (15) por suspeita de exploração sexual infantil, exposição de menores em conteúdos nas redes sociais e tráfico humano. Catarina acrescentou que há várias pessoas como Hytalo.
Confira alguns trechos:
A polícia prendeu hoje o influenciador digital Hytalo Santos pelo crime de tráfico humano e exploração sexual infantil. As autoridades também têm deflagrado com frequência operações para combater o abuso infantojuvenil na internet. Isso minimiza o problema ou não?
Não minimiza. Tudo isso que aconteceu foi bom porque o que o vídeo do Felca fez foi furar uma bolha. O movimento de ativismo das crianças em telas acaba sendo um pouco autofágico, porque a gente fala muito para nós mesmos. É muito difícil furar essa bolha e isso foi uma coisa boa que o vídeo do Felca fez, furou a bolha. Agora, como Hytalo tem vários.
O Hytalo foi um dos casos que o Felca expôs, porque ele não tinha condição de em um vídeo de 40 minutos expor todos, mas está cheio de Hytalo por aí. Então é muito bom que teve a prisão de um, mas tem outros e esses outros também precisam ser responsabilizados pelo que postam, pelo que fazem, precisam ser investigados, julgados, eventualmente condenados, assim como todos os outros criminosos que existem na internet. (…)
Como o Brasil pode avançar na educação digital para tornar crianças e adolescentes mais protegidos nesse ambiente?
As pessoas falam muito em educação midiática. A gente ainda não tem um conceito plano e pleno do que seja isso. Mas educação mediática é a gente conseguir falar entre nós e com as crianças sobre o que é aceitável fazer ou acessar numa rede social, inclusive com as plataformas que difundem conteúdo.
O próprio debate que está tendo agora na sociedade é importantíssimo porque atinge pessoas que nunca pararam para pensar sobre isso. E isso também é letramento digital. Mas ele também precisa acontecer dentro das escolas. Os professores serem formados para isso, terem treinamentos específicos para isso, algo que muitas vezes eles também não têm. (…)
Outra coisa que a gente precisa fazer é a conscientização da sociedade e das famílias. Quando você vai dar o celular para o seu filho, reflita se você quer esse conflito todos os dias, porque a partir do momento que você deu um smartphone para ele todo dia da sua vida você vai brigar com seu filho. Ou porque ele ficou muito, ou está jogando muito, ou porque ele acessou o que não devia, ou porque ele perdeu o celular, ou porque gastou em figurinha. Enfim, todo dia vai ter um conflito, prepare-se para isso. O exemplo arrasta as crianças. Então, como a gente usa (o celular) é como eles vão naturalizar o uso.
O Felca foi mais necessário que “político” tuiteiro. pic.twitter.com/xBwUQXP2OV
— 𝐁∆𝐊 (@BKcomenta) August 8, 2025