Estadão aponta “decomposição moral” e “fim melancólico” de Moro

Atualizado em 21 de janeiro de 2024 às 8:30
Senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Em um editorial intitulado “A decomposição de Moro”, publicado  neste domingo (21), o Estadão aponta que o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) terá um “fim melancólico”. Nesta semana, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal (PF), o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de um inquérito contra o senador e procuradores da Lava Jato.

Segundo o jornal, os detalhes do caso são “assustadores” e “suficientes para dizimar o pouco que ainda restava de credibilidade” de Moro. Apesar do histórico de suspeição do ex-juiz, o jornal ainda adota um tom irônico em relação aos réus da Lava Jato que estão obtendo as anulações de suas sentenças. Confira trechos:

Em dezembro passado, segundo se soube há poucos dias, o ministro Dias Toffoli determinou a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal contra Moro e algumas das estrelas do time da Lava Jato, a pedido da Procuradoria-Geral da República, num caso de duas décadas atrás. Eles são acusados por um empresário e ex-deputado estadual paranaense de tê-lo obrigado a atuar como uma espécie de “agente infiltrado” para grampear políticos e empresários. Como o inquérito corre sob sigilo, não há muitos detalhes, mas o que veio a público é assustador – o suficiente para dizimar o pouco que ainda restava de credibilidade de Sérgio Moro e daquele time da Lava Jato.

A esta altura, pouco importa o desdobramento desse caso. Pode-se dizer que a eventual comprovação de inocência de Moro e dos demais suspeitos é irrelevante, pois o estrago para a reputação dos envolvidos já estará feito. (…)

A julgar pelo andar da carruagem, descobriremos em breve que nunca houve corrupção na Petrobrás, que todas as provas e confissões foram inventadas e que tudo não passou de um plano doentio para destruir reputações e para arruinar o Brasil – como, aliás, voltou a afirmar o presidente Lula da Silva na quinta-feira passada, quando declarou que a Petrobrás foi vítima de “mancomunação” entre a turma da Lava Jato e o governo americano. (…)

Com a aniquilação moral de Sérgio Moro e da Lava Jato, tem-se, como consequência natural, a redenção moral de tantos quantos foram pilhados em falcatruas diversas ao longo das trepidantes investigações anticorrupção na história recente. Ressalve-se que obviamente não se trata de ver aí uma ação concertada entre os diversos interessados, ainda que seja tentador ligar os pontos, mas é inevitável constatar que há poucos insatisfeitos com o destino de Sérgio Moro – desmoralizado por Bolsonaro, desqualificado pelo Supremo e possivelmente despejado do Congresso. Que fim melancólico para aquele que se dispôs a ser a palmatória do mundo.

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