Estadão ataca Lula e defende que presidente se rebaixe diante de Trump

Atualizado em 25 de julho de 2025 às 11:03
Lula e Donald Trump. Foto: Reprodução

Em editorial publicado nesta sexta-feira (25), o Estadão sugere que o presidente Lula (PT) deveria ter assumido uma postura submissa diante do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após o anúncio do tarifaço contra o Brasil. O jornal ataca a postura altiva do petista e o critica por não ter ligado diretamente para o republicano após a divulgação da carta:

Logo que o presidente dos EUA, Donald Trump, divulgou sua desaforada carta anunciando um tarifaço contra o Brasil, o presidente Lula da Silva deveria ter assumido o papel de negociador-chefe, dispondo-se a falar diretamente com Trump para discutir os termos do ultimato. (…)

Lula deveria ter telefonado para Trump no instante em que recebeu a carta do presidente americano e pedido esclarecimentos. Seria uma oportunidade para dizer a Trump que o governo não tem como interferir nem nos processos contra Bolsonaro nem nos veredictos do Supremo Tribunal Federal contra as big techs, pois aqui vigora a separação constitucional dos Poderes.

No mesmo telefonema, por outro lado, Lula poderia se mostrar disposto a conversar sobre as demais demandas de Trump a respeito das relações comerciais dos EUA com o Brasil, que segundo o presidente americano são prejudiciais a seu país. Seria a ocasião oportuna para o chefe de Estado brasileiro apresentar à sua contraparte os dados que desmentem essa percepção

É pouco provável que Trump sequer fosse atender o telefonema de Lula ou mesmo que fosse ceder ao presidente brasileiro em qualquer desses pontos, mas isso não importa. O que interessa, neste momento, é demonstrar verdadeiro interesse em preservar as relações com os EUA. E isso só será possível se Lula liderar ele mesmo o diálogo com os americanos, mostrando espírito aberto para ouvir o que Washington tem a dizer.

É isso o que faria um estadista. Lula fez o certo ao deixar claro que a soberania brasileira não era negociável, mas o passo seguinte deveria ser a construção de um canal de diálogo de alto nível nos EUA, o que até agora não aconteceu. E não aconteceu, como bem sabemos, porque Lula decidiu, em seu terceiro mandato, fazer do antiamericanismo a própria razão de ser de sua política externa. (…)

Estadistas de verdade não têm fígado. Quaisquer divergências pessoais ou ideológicas que Lula possa vir a ter com Donald Trump devem ser deixadas de lado em nome do interesse nacional. Desde o anúncio do tarifaço, no entanto, Lula já disse que Trump quer ser “imperador do mundo”, já declarou que “a guerra tarifária vai começar na hora em que eu der uma resposta ao Trump, se ele não mudar de opinião”, e já afirmou que as democracias latino-americanas (de esquerda, por suposto) devem se unir contra o “extremismo intervencionista”. Não são frases de alguém que deseja genuinamente conversar com Trump. (…)