Estadão diz que ataque de Tarcísio a Moraes pode custar caro: “Cruzou o Rubicão”

Atualizado em 9 de setembro de 2025 às 9:19
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em discurso na Avenida Paulista no 7 de setembro. Foto: EFE/ Sebastiao Moreira

Em editorial publicado nesta terça-feira (9), o Estadão afirmou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, “cruzou o Rubicão” ao adotar ataques contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes durante o ato de 7 de Setembro na Avenida Paulista. Para o jornal, ao ecoar o discurso bolsonarista e defender anistia a golpistas, Tarcísio abriu mão de sua imagem de moderado “em troca de uma incerta bênção de Jair Bolsonaro (PL) à sua aventada candidatura à Presidência em 2026”:

(…) O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, topou sujar sua imagem de moderado em troca de uma incerta bênção do réu Jair Bolsonaro à sua aventada candidatura à Presidência no ano que vem. Ao desferir ataques tão virulentos contra o Supremo Tribunal Federal (STF), e em particular o ministro Alexandre de Moraes, Tarcísio cruzou o Rubicão. (…)

Com mais modos que seu padrinho boquirroto, Tarcísio fez o mesmo, dizendo que “ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes”, acusando o STF de perseguir seu padrinho político e defendendo uma anistia “ampla e irrestrita” para os golpistas.

A coroar esse discurso afinado para soar como música aos ouvidos de Bolsonaro, o governador paulista teve a audácia de dizer que não se pode mais “aceitar que nenhum ditador diga o que temos de fazer”, referindo-se, por óbvio, a Moraes. (…)

Ao inverter a ordem lógica dos fatores, Tarcísio põe em xeque sua capacidade de dialogar com o Supremo, com os partidos que integram o centro político, com o setor produtivo nacional e, principalmente, com os eleitores moderados – justamente os que têm decidido as eleições presidenciais no País há pelo menos 30 anos.

A moderação, nesse sentido, era o capital político mais valioso de Tarcísio por seu potencial de reunir as forças de oposição ao lulopetismo – seja dos moderados, seja dos próprios bolsonaristas, que jamais deixarão de votar no candidato capaz de derrotar Lula. Mas, desde o domingo passado, o governador provavelmente terá de fazer um esforço redobrado para convencer parte considerável do eleitorado – supondo que queira fazê-lo – de que não disse o que disse em português cristalino. (…)

Em política, até a reputação mais enxovalhada pode ser restaurada. Mas Tarcísio terá de se esforçar muito para se dizer democrata depois de seu discurso na Av. Paulista.