Estadão diz que Eduardo Bolsonaro deve ser cassado por conspirar contra o Brasil e não por faltas

Atualizado em 24 de setembro de 2025 às 9:36
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). Foto: Jessica Koscielniak

Em editorial publicado nesta quarta-feira (24), o Estadão defende que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) precisa ser cassado por quebra de decoro parlamentar e não por acúmulo de faltas. O jornal ressalta que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por coação ao Supremo Tribunal Federal (STF) expõe a gravidade dos atos do deputado, que articulou sanções junto ao governo Trump para pressionar ministros do STF, atacou instituições brasileiras e endossou até ameaças militares ao país.

Para o Estadão, é inaceitável que a Câmara reduza a punição a uma justificativa burocrática quando há provas de que o “Bananinha” atuou de forma deliberada contra o Brasil:

Para alívio de quem assiste com indignação a um parlamentar atentar contra o Brasil e desmoralizar o mandato que exerce, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por “coação” na Ação Penal 2.668, que julga a trama golpista. (…)

Enquanto a PGR denuncia, a Câmara dos Deputados precisa também fazer a sua parte: é inaceitável que o filho “Zero Três” seja cassado por faltas, e não por ter escandalosamente quebrado o decoro parlamentar – razão pela qual é uma notícia igualmente auspiciosa a instauração de processo contra ele no Conselho de Ética da Casa.

Eduardo Bolsonaro é alvo de quatro representações. A primeira delas, instaurada ontem, o acusa de atacar o STF, incitar ruptura democrática e trabalhar a favor de sanções dos EUA a autoridades brasileiras. Com a denúncia da PGR e o processo aberto no Conselho de Ética, a Câmara finalmente desfaz uma inércia que, até aqui, a tornava cúmplice do deputado.

Com algum atraso, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), barrou a pretensão do PL de dar um cargo de líder ao deputado – uma malandra tentativa de blindá-lo de uma cassação por acúmulo de faltas, uma vez que, como líder da Minoria, Eduardo não precisaria justificar suas ausências nas sessões deliberativas da Câmara. Mas é uma saída insuficiente.  (…)

Foi Eduardo, afinal, um dos responsáveis pelo tarifaço convertido em chantagem explícita de Trump contra o Brasil e a favor de Jair Bolsonaro, punindo o País e os brasileiros. (…)

Há algumas semanas, admitiu na caradura que estava sabotando a comitiva de senadores brasileiros que viajou aos EUA para tentar abrir algum canal de diálogo com o Congresso e o governo americanos. Reclamou dos governadores Tarcísio de Freitas e Ratinho Junior por se pronunciarem sobre o tarifaço sem mencionar o que de fato importa para os Bolsonaros – a liberdade de Jair. E, no limite da infâmia, endossou a ameaça feita pela porta-voz da Casa Branca, de que os EUA poderiam enviar caças e navios de guerra ao Brasil em represália à condenação do ex-presidente brasileiro.

(…) Não há outra definição para o que Eduardo fez e faz dia e noite: coagir o Judiciário e conspirar contra o próprio país. É por esse crime, e não por faltas, que ele precisa ser cassado.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao lado de Eduardo e Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução