Estadão publica carta de fã, escrita por repórter, para Sergio Moro. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 7 de janeiro de 2019 às 16:05
Moro, Onyx e outros cidadãos impolutos

Brian Epstein, empresário dos Beatles, tinha uma secretária chamada Freda Kelly para administrar o fã clube.

Num documentário, que está na Netflix, Fred conta que ficava frequentemente constrangida com as cartas.

“Algumas meninas não tinham a menor noção da realidade e eu sentia pena delas: o que essas pessoas fazem da vida?”, ela se pergunta a certa altura.

O Estadão tem um admirador de Sergio Moro que lembra uma beatlemaníaca típica. Freda certamente ficaria estupefata com Fausto Macedo.

Numa carta dirigida ao “caro leitor” e que no segundo parágrafo passa a dialogar com o próprio Moro, o repórter especial não se contém na babação.

Moro “largou 22 anos de toga, tornando-se alvo de ceticismos e críticas, assume o tão celebrado superministério da Justiça e da Segurança Pública“, diz.

A bajulação prossegue:

“Em cinco anos de Lava Jato, afinal, sobraram-lhe coragem e determinação para enfrentar o mais poderoso crime organizado, o dos doleiros, dos empreiteiros, de altos executivos da Petrobrás e dos políticos até então ditos intocáveis, gente de prestígio, afinal.

Muitos dirão que, por essa época, você tinha nas mãos a pena pesada do juiz. Uma canetada sua mandava para o xadrez próceres dessa República tão castigada – quem poderia imaginar que um dia iriam para atrás [sic] das grades Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, João Vaccari, Renato Duque, Léo Pinheiro, Marcelo Odebrecht, Antonio Palocci, Aldemir Bendine… E Lula também lá!”

Para Fausto, “os incrédulos alimentam a tese frívola de que você trocou o estilingue pela vidraça. Inverteram-se os papéis da sua vida”.

Ou seja, não inclua Fausto Macedo entre os incréus. Jamais! Moro é infalível.

O ex-juiz tem a seu lado a Polícia Federal, “corporação que conquistou o respeito de quase todo o País, por sua loquacidade [sic] no combate ao colarinho branco”.

Loquacidade, característica de loquaz, ou tagarela, não é bem a palavra que o autor queria, mas vamolá.

Segundo Fausto, ainda falando com seu ídolo, “extraordinário apoio popular o colocou nessa cadeira.” Se você achava que foi o Jair, portanto, errou.

Sobra ainda uma elegia para o resto da banda.

“Você recrutou um time de primeira linha para compor seu gabinete”, “um esquadrão de elite, aparentemente, munido de carta branca do governo, aparentemente”.

Freda lidou com as missivas das admiradoras dos Beatles até 1975, cinco anos depois que o grupo havia se dissolvido.

“Muitas delas viam neles sua razão de viver”, ela conta.

Para Fausto, também, é Moro Forever.

Freda Kelly, chefe do fã clube dos Beatles, com Paul McCartney