Estamos à beira de um profundo abismo social e político. Por Afrânio Silva Jardim

Atualizado em 13 de outubro de 2018 às 12:13
Ameaça na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (Foto: Reprodução/Twitter)

Publicado originalmente na fanpage de Facebook do autor

POR AFRÂNIO SILVA JARDIM, mestre e livre-docente em Direito Processual Penal

Espero que eu esteja errado, mas acho que eventual eleição do capitão truculento e fujão importará em uma crise sem precedentes em nosso país. Infelizmente, não se afasta sequer a possibilidade de uma guerra fraticida entre nós, brasileiros.

Tudo pode ser ainda pior do que a ditadura militar de 1964. Agora teríamos uma “ditadura eleita pelo voto popular”. Ainda que o povo possa estar sendo enganado, o fato é que o eventual novo governo autoritário vai se julgar legitimado para efetivação de todas as barbáries que o candidato capitão vem pregando ao longo de décadas. Dirá: eu avisei o que faria e o povo referendou o meu programa fascista.

É preciso que todos acordem e não deixem consumar este terrível pesadelo. A vitória eleitoral do fascismo será o “enterro” dos melhores valores democráticos cunhados, por séculos, através de um doloroso processo civilizatório.

Direitos Humanos são para todos os humanos e não apenas para os “humanos de bem”, como assevera o capitão candidato. Esta colocação do capitão fujão é uma declaração de guerra para quem ele entenda não ser “humano de bem”. Vale dizer, é uma verdadeira ameaça de genocídio.

Nós do pensamento de esquerda, que apenas lutamos por justiça social e vida digna para todos, passaríamos a correr riscos pessoais concretos, em razão da truculência de grupos paramilitares que já estão se formando, com a presença de milicianos (ao menos aqui no Rio de Janeiro).

Não foi por falta de avisos: os evangélicos, eleitores do capitão, já estão hostilizando a Igreja Católica. Vejam o vídeo abaixo.

Não tenho religião, mas acho isto um absurdo, pois ambas são igrejas cristãs. Cristo não aprovaria esta intolerância religiosa !!! Misturar religião com a política é trazer a discórdia onde deve imperar a concórdia.

Muitas pessoas foram torturadas e mortas para que estejamos próximos de um verdadeiro Estado Democrático de Direito. Também por isso não devemos nos intimidar. Em legítima defesa, vamos reagir na mesma proporção das agressões. Não é hora para ter medo. É hora de “fazer a história”, pois, “quem sabe faz agora, não espera acontecer” …

A história mostra que as mesmas circunstâncias objetivas, que vivenciamos hoje em nosso país, existiam nos períodos que antecederam a ascensão do nazismo e do fascismo na Europa, no século passado, que levou à morte mais de 60 milhões de pessoas (a maioria, jovens).

Desta forma, não cabe qualquer omissão neste grave momento. Ficar inerte é compactuar com a truculência e a violência. O Brasil não pode ser governado por um homem tão despreparado, tão bizarro e com alguns problemas de ordem emocional ou mental.

Para finalizar, quero dizer que todas estas mazelas que nos atormentam agora foram também consequência da uma longa pregação desta mídia empresarial sórdida, da atuação “espetaculosa” do Poder Judiciário e do Ministério Público e de grande parcela dos evangélicos, manipulados por pastores mentirosos e nada cristãos.

Democratas de todo o nosso território, uni-vos!!! Vamos nos unir em prol do Estado Democrático de Direito, enquanto é tempo.