O DCM está prestes a fracassar no projeto de investigar a seca de SP

Atualizado em 26 de dezembro de 2014 às 20:52
Como isso pôde acontecer?
Como isso pôde acontecer?

Estamos prestes a desistir de decifrar a real história por trás da seca de São Paulo.

Quanto razões políticas influenciaram na forma catastrófica como a Sabesp administrou um problema fazia longo tempo anunciado?

Como a mídia pôde ser tão cega àquilo que estava por vir aos paulistas? Era apenas para poupar o então candidato Alckmin, ou foi inépcia jornalística mesmo?

Como uma empresa pública pode dar lucros aos acionistas – incluídos os estrangeiros – e ao mesmo tempo não fornecer água a seus consumidores cativos?

Estamos desistindo de tudo isso, e lamentamos.

O motivo é que, a 24 horas do prazo de encerramento da coleta de fundos para a tarefa, estamos distantes do objetivo.

Nossa torneira, para usar uma analogia, mal funciona.

É a primeira vez que enfrentamos tal situação no Catarse, o site que recolhe doações.

Mas é a vida como ela é.

Nos sites realmente independentes e apartidários, como o DCM, o jornalismo investigativo é uma atividade cara e inviável, até aqui, sem a contribuição dos leitores.

Um de nossos projetos para o futuro é exatamente o jornalismo investigativo, até porque as grandes empresas de mídia só vão atrás daquilo que lhes interessa do ponto de vista econômico e político.

O caso da seca de São Paulo é exemplar: quem correu atrás dele? A Globo recebe 600 milhões de reais por ano apenas em publicidade federal, e mesmo assim, com tanto dinheiro, achou que não tinha por que mostrar aos paulistas o que estava de fato ocorrendo.

Estamos à beira de fracassar neste projeto. E me ocorre uma frase de Samuel Beckett.

“Tente sempre. Fracasse sempre. Não importa. Tente novamente. Fracasse novamente. Fracasse melhor.”

Não desistiremos do jornalismo investigativo.

Continuaremos a tentar.

Assinado: Paulo Nogueira

Diretor editorial