Estender a adolescência até os 25 anos, como querem psicólogos, é uma ideia infantil

Atualizado em 2 de outubro de 2014 às 16:58


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Psicólogos sugerem que a adolescência deva ir até os 25 anos. Eles acreditam que estender o tempo de amadurecimento dos adolescentes faria com que eles se sentissem menos pressionados para serem adultos. Perceba como dizem, com outras palavras, que ser adulto é um horror, sintoma de alguma desgraça terrível. E quem vai discordar dos psicólogos?

Todo mundo conhece pelo menos um adulto com mais de 40 que se comporta como se tivesse 16. Os psicólogos chamam de adolescência tardia a fase que vai dos 18 aos 25. Para a fase da adolescência depois disso ainda não encontraram um nome apropriado.

A adolescência foi estendida porque os jovens pararam no tempo. Não existe muita diferença de comportamento entre um estudante do ensino médio e um universitário hoje. Para o professor de sociologia da Universidade de Kent, Frank Furedi (para O Globo), a medida de prolongar a adolescência só vai deixar os jovens ainda mais infantis. Não poderia concordar mais.

Na época em que Tom & Jerry é tirado do ar pelo Cartoon Network por se considerado politicamente incorreto, fica fácil de entender a infantilização a que o sociólogo se refere. Um dos compromissos mais curiosos de hoje é a superproteção aos jovens; desde tirar da frente deles palavras consideradas ofensivas em clássicos juvenis, como aconteceu com “As Aventuras de Huckleberry Finn”, até banir a venda de qualquer arma de brinquedo, mesmo aquelas coloridas que disparem jatos d’água, como aconteceu esta semana no Distrito Federal.

De cara surge um problema aí: os jovens viraram entidades com imunidades demais. De que serve tirar a responsabilidade de cima de indivíduos que passaram dos 18, para distribuí-la pelo resto da sociedade, em vez de deixar que o jovem adulto entre em confronto com a realidade do mundo?

No final, a responsabilidade por um adolescente acaba sendo dividia com todos, o que na prática significa que a responsabilidade não é de mais ninguém, nem dele mesmo.

Quando muito, a responsabilidade por um adolescente é dos pais. Mas faz tempo que esses não estão tão presentes; em seus lugares já podemos ver autoridades de ternos com caimento ruim que observam os filhos dos outros à distância, monitorando com canetadas e leis. Estender a adolescência é também estender o controle dessa gente. Já dizia Rousseau, se você não tem como estar presente na vida de seus filhos, melhor abandoná-los num orfanato mesmo – e alguns anos depois escrever um livro sobre educação infantil.

Todas essas medidas parecem baseadas na ideia de que a adolescência é uma fase maravilhosa, e que a espécie adolescente precisa ser preservada para a posteridade. Não precisa. Nenhuma fase é tão cretina quanto a adolescência. Nenhuma fase deveria passar mais rápido. A criança é infinitamente mais imaginativa e sensível. O idoso é muito mais inteligente e interessante. A adolescência reúne o pior da infância e do mundo adulto. Deus deixou bem claro para nos afastarmos o mais rápido possível dessa fase quando lhe conferiu as espinhas.

Ninguém consegue ser mais ridículo do que um adolescente, e aí não importa se ele tem 14 anos ou 56. Gente que simplesmente quer chamar a atenção sem ter nada para oferecer. Muitos até mais velhos do que eu; carentes, complexados, bipolares e, pior de tudo, com acesso a internet. Os piores erros do homem chegam ao clímax nesse período. Para que prolongar o martírio?

Não existe nenhum efeito prático de prolongar a adolescência a não ser dar mais tempo para que os jovens fiquem na fila do show de Justin Bieber. Prática que não deveria ser incentivada. Não alimente os bichos.