
O Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), divulgou nesta segunda-feira (10) uma nota de repúdio à participação do cientista político André Lajst em um debate intitulado “Conversas sobre o Mundo”, marcado para quinta-feira (13).
O evento também contará com o doutor em direito Flávio Leão Bastos, pesquisador vinculado ao Instituto Internacional de Estudos sobre Genocídio e Direitos Humanos.
Na manifestação, os estudantes afirmam que Lajst “atua na defesa do regime de apartheid e das práticas genocidas do Estado de Israel contra o povo palestino”. O centro acadêmico também convocou um protesto para o mesmo dia do evento, em frente às Arcadas, no Largo de São Francisco.
Segundo o texto, a Faculdade de Direito “não pode servir de palco para discursos que legitimem a ocupação, o colonialismo e a limpeza étnica na Palestina”.
André Lajst é CEO da ONG Stand With Us Brasil, organização de origem norte-americana voltada à promoção de informações sobre Israel e ao combate ao antissemitismo. Os estudantes o classificaram como “notório sionista” e associaram sua presença a um discurso contrário aos valores humanistas da universidade.
A nota publicada nas redes sociais do centro acadêmico define a participação de Lajst como “uma afronta à tradição humanista, democrática e libertária” da Faculdade de Direito. O texto reforça que o espaço deve permanecer comprometido “com a defesa dos direitos humanos e a solidariedade internacional aos povos oprimidos”. A USP foi procurada, mas ainda não se pronunciou sobre o caso.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em 2023, a USP tem sido palco de diversas manifestações pró-Palestina organizadas por estudantes e docentes. No ano seguinte, um acampamento na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas defendeu o rompimento de convênios acadêmicos com universidades israelenses.
Em 2025, após novos atos, a Faculdade de Filosofia decidiu encerrar antecipadamente o acordo de cooperação com a Universidade de Haifa. A mobilização estudantil mantém críticas à política israelense e reivindica a ampliação de debates sobre direitos humanos e solidariedade internacional dentro da universidade.