Publicado originalmente no Tijolaço
Até que seria de se esperar de um governo ligado tão profundamente às milícias tivesse fixação em “Mão Branca”.
Afinal, era um personagem que os grupos de extermínio criaram – ou que, em algumas versões, absorveram da criatividade da mídia, interessada em vender jornais – colocando cartazes sobre cadáveres, no final dos anos 70/início dos 80.
Mas não é isso, é racismo mesmo. Aliás, Mão Branca era o nome de uma organização de extrema-direita na Sérvia, no início do século.
O Ministério da Educação publica um anúncio onde a mão de uma modelo negra “embranquece” quando segura um diploma universitário.
Não é coisa rara.
Em sua biografia, Michelle Obama diz que, como se expressava corretamente, suas primas diziam que ela “falava igual a uma branca”.
É claro que ela, por suas história e ideias, escapou desta armadilha.
Mas a ideia dominante – e reproduzida pelo MEC – é de que embranquecimento é a consequência do sucesso de nossos irmãos negros.
É mais cruel que o corte das raízes que os brancos temos, pela educação, dos nossos pais e avós operários, pobres, oprimidos.
A mensagem é clara. Tente ser algo diferente do que você é, porque você não tem valor como é.
Dizem eles que é a diversidade. Não, isso é o racismo.
O negro de mãos brancas, aceito. O negro de mãos negras, para o “Mão Branca”.
Que mergulho triste para um país que já sonhou em ser de todas as cores.