
Desde que foi lançado pelo Banco Central no final de 2020, o Pix já proporcionou uma economia estimada de R$ 106,7 bilhões aos brasileiros, de acordo com estudo inédito do Movimento Brasil Competitivo (MBC) obtido pela Folha de S.Paulo. Apenas no primeiro semestre de 2025, a redução de custos foi de R$ 18,9 bilhões, resultado principalmente da substituição de transferências via TED e pagamentos com cartão de débito pelo sistema instantâneo.
O levantamento, que utiliza a metodologia chamada “captura de custo”, calcula quanto seria gasto caso os consumidores e empresas continuassem utilizando meios de pagamento mais caros. A diferença entre esses valores e os custos efetivos com o Pix representa o montante economizado. A projeção do MBC indica que, mantendo o atual ritmo de adesão, o Brasil poderá poupar R$ 40,1 bilhões por ano até 2030.
Além da economia direta, o estudo aponta benefícios indiretos, como a formalização de pequenos negócios, a ampliação da inclusão bancária e a redução no uso de dinheiro em espécie — medida que contribui para a segurança pública e o combate à informalidade. Atualmente, o Pix é o meio de pagamento mais utilizado no país, contando com funções como saque, troco, cobrança, agendamento e pagamento por aproximação.
O sucesso do Pix, segundo o estudo, está relacionado à centralização do sistema nas mãos do Banco Central, que criou, opera e regula a ferramenta. Essa estrutura garantiu segurança e capilaridade nacional desde o início, mas especialistas alertam para a necessidade de debater como manter a neutralidade, a sustentabilidade e a inovação contínua no futuro.

A adoção do Pix também ganhou atenção internacional. Em julho, o governo dos Estados Unidos, sob Donald Trump, abriu uma investigação comercial contra o Brasil e incluiu o sistema como possível prática desleal no setor de pagamentos eletrônicos. A medida gerou reações no governo brasileiro, na Febraban, em organismos internacionais como o FMI e em especialistas que defendem a manutenção do Pix como política pública estratégica.
Para Tatiana Ribeiro, diretora-executiva do MBC, o impacto positivo é evidente: “A adoção do Pix representou uma mudança estrutural no sistema financeiro. É uma solução de política pública que reduziu custos, ampliou a eficiência e melhorou o ambiente de negócios no Brasil”.
O economista Rodolpho Tobler, também responsável pelo estudo, destaca que a economia vem tanto da redução de TEDs quanto do aumento no uso do Pix no lugar do débito, resultando em cortes significativos nos custos do sistema de pagamentos.