“Eu já fui um pobre de direita”: o relato de um comerciante que visitou a Vigília Lula Livre

Atualizado em 14 de março de 2019 às 13:54
Irineo e a mulher, Noilve

Domingo de manhã, 14h30. Um homem grisalho canta, timidamente, “Olê, olê, olê, olá, Lula lá, Lula”, ao lado da mulher, Noilve Cearon Menzen, no terreno ao lado da Polícia Federal, onde está instalada a Vigília Lula Livre.

Era hora do “Boa tarde, presidente Lula”.
Irineo Menzen nunca foi militante, e estava ali para conhecer a vigília que pode ganhar registro no Guiness Book, como a mais longa da história.
O casal veio de Caxias, distante cerca de 600 quilômetros, e deixou seu nome manuscrito no livro de visitantes da Vigília, que já tinha 16.247 assinaturas até eles chegarem.
Estava indignado com a prisão de Lula, em quem nunca votou, mas não perdia sorriso, nem a gentileza. Descendente de alemão, formado em engenharia, disse que tem muitos conhecidos, amigos até, que votaram em Bolsonaro.
De algumas semanas para cá, notou que eles retiraram o adesivo Bolsonaro 17 do carro.
“Estão arrependidos, mas ainda não falam”, afirma.
A seguir o relato dele:
Não sou do PT, não tenho filiação partidária, mas admiro vários políticos do PT, nem todos, é claro. Mas entendo que o PT, como maior partido progressista do Brasil, também é o que é mais combatido pela direita e extrema direita.
Como minha formação foi na área da engenharia mecânica, virei ao longo dos tempos um comerciante de ferramentas e insumos para indústrias.
Nunca votei no Lula. Votei em candidatos do PT, aqui na minha cidade para o Pepe Vargas e ao senador Paim.
Mas, no segundo mandato do Lula, percebi que a politica dele estava correta. Tanto que, a partir daí, comecei praticamente a fechar com os candidatos do PT. Votei as duas vezes na Dilma.
O que me deixa mais indignado é que meus pais me ensinaram a ser honesto e ter escrúpulos. E o que estão fazendo com o Lula, eu e minha esposa, que temos a mesma orientação quanto a moral e honestidade, não conseguimos admitir. A injustiça que estão fazendo com ele…
Eu, que já fui um pobre de direita, hoje sinto vergonha, com a condenação do Lula sem provas de crime e por atos indeterminados.
Saiu do governo com 87% de aprovação, mesmo depois da grande mídia bater nele impiedosamente. Mesmo condenado e preso, teria ganhado a eleição para presidente em 2018 se tivesse sido candidato. 
Joaquim de Carvalho
Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquimgilfilho@gmail.com