“Eu não fui a única prejudicada”: fiel processa igreja frequentada por Michelle Bolsonaro pelo sumiço de R$ 200 mil

Atualizado em 16 de maio de 2019 às 15:56
Culto na Igreja Batista Atitude da Barra

O DCM entrevistou Sigrid Engersen Navarro sobre o processo contra a a Igreja Batista Atitude pelo sumiço de R$ 726.300. No processo dela, outra fiel também acionou juridicamente a entidade. Essas informações foram divulgadas em dezembro do ano passado.

A outra fiel que está na ação é  Alessandra Costa de Azevedo. Ela acusa Oséias Oliveira de Abreu e sua esposa Fabiana Santos de terem se apropriado de R$ 200 mil quando ela estava desempregada e com depressão. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, frequenta a igreja e o presidente eleito, Jair Bolsonaro, já participou dos cultos.

Alessandra deu uma entrevista para o DCM sobre o caso.

Diário do Centro do Mundo: Como você conheceu a Igreja Batista Atitude?

Alessandra Costa de Azevedo: Eu frequento a Igreja desde março de 2014. Fui levada pra lá por conta da divulgação na Internet e passei a frequentar unidade da Tijuca.

Com o passar dos anos, criei com a  Igreja Atitude fortes laços de confiança, segurança e espiritualidade. Baseada nesses sentimentos participei de reuniões de grupos de fiéis.

Foi assim que acabei na residência do discipulador Oseias Oliveira de Abreu.

DCM: Você tinha envolvimento na célula de  Oséias Oliveira de Abreu na Igreja?

AA: Sim. Foi nas reuniões num luxuoso condomínio na Barra da Tijuca. Ele sempre estava acompanhado da esposa Fabiana Santos Ferreira de Abreu.

O casal era considerado como “discipuladores” da Igreja Atitude. Eles estimulavam cada participante da reunião a, diante do grupo e dos anfitriões, declarar fatos relacionados a família, trabalho, atividades de lazer e, de forma sutil, da situação patrimonial, econômica e financeira desfrutadas.

DCM: Como assim?

AA: Eles sutilmente ganharam a minha confiança. Assim, foi numa destas ocasiões que abordei minha situação de divorciada e desempregada naquela época.

A conversa realmente se aprofundava nessas questões e eu disse que trabalhei por vários anos no antigo Banco Real. Por isso, numa reclamação trabalhista na 70ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, de 2011, tinha recebido uma indenização de R$ 200 mil.

Ela foi paga pelo Banco Santander, que foi incorporador do antigo Banco Real.

DCM: Por qual razão você decidiu entrar num processo contra a Igreja Atitude?

AA: Eles usaram de maneira indevida o meu dinheiro, esse valor de indenização. Na época, quando realmente entendi o que tinha acontecido, sofri uma profunda depressão quando fui para 42ª Delegacia de Polícia do Recreio para registrar a ocorrência dos crimes de estelionato e apropriação indébita cometidos por eles.

Foi assim que me deparei com outra mulher, jovem vítima, também frequentadora da Igreja Atitude. A Sigrid Engersen Navarro teve seus mais de R$ 700 mil usados indevidamente.

Ela também foi influenciada pelo casal Oseias e Fabiana Santos.

DCM: Por que o pastor Josué Valandro Jr. não está no seu processo?

AA: Quando fui até a delegacia para prestar depoimento, acompanhada por meu advogado Dr. Arnaud Ferreira de Araujo, soube que Josué Valandro Junior ainda não tinha comparecido depois de convocações anteriores feitas pelo encarregado das investigações lá.

Josué é a autoridade máxima da Igreja Atitude na Barra da Tijuca. Mas não esteve diretamente envolvido no meu caso. Lamentavelmente, foi através da influência iniciada nos cultos da igreja Atitude que acabei  associada à célula de Oséias Oliveira de Abreu.

Ele se apropriou de maneira fraudulenta da minha indenização de R$ 200 mil de processo trabalhista em cima de promessas. Sofri estelionato e tive negativas do senhor Josué Valandro Júnior em me ajudar na recuperação do valor perdido.

DCM: Você ainda tem contato com a Igreja Atitude?

AA: Não. Não fui mais até a Igreja Atitude e escolhi dar início ao processo na 4ª Vara Cível do Fórum da Barra da Tijuca.

DCM: Nesse processo há o envolvimento de uma agência de viagens de Israel? Por quê?

AA: Existe verdadeiras modalidades de “golpes” supostamente praticados por pastores da Igreja Atitude contra fiéis, pelo que outras pessoas alegam. Eu não fui a única prejudicada.

E existem casos conhecidos de venda de pacotes de viagens para Israel que não são realizadas e ocorrem sem devolução dos valores pagos. Tomei conhecimento disso através da ocorrência de processos civis distribuídos por famílias ludibriadas mediante ações indenizatórias no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

No entanto, isso não aconteceu comigo.

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Procurada pelo DCM, a Igreja Batista Atitude informou que a explicação está em uma nota já publicada em outro site.

“Vale salientar que, diferente do que vem sendo noticiado, Oseas e e Fabiana, não são pastores e nunca exerceram ministério pastoral na Igreja Batista Atitude, eram apenas membros da igreja. Toda e qualquer afirmação diferente desta se constitui uma mentira”, diz o comunicado. LEIA AQUI A ÍNTEGRA