EUA apreendem mais um petroleiro na costa da Venezuela

Atualizado em 20 de dezembro de 2025 às 19:12
Donald Trump ao lado de militares. Foto: reprodução

Os Estados Unidos intensificaram a ofensiva contra o fluxo de petróleo da Venezuela ao apreender mais um petroleiro neste sábado, poucos dias após o presidente Donald Trump anunciar um “bloqueio total” a embarcações sancionadas que entram ou saem do país sul-americano. A operação foi confirmada pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, em publicação no Facebook.

“Os Estados Unidos continuarão a perseguir o movimento ilícito de petróleo sancionado que é usado para financiar o narcoterrorismo na região”, escreveu Noem.

Segundo ela, a Guarda Costeira realizou a apreensão antes do amanhecer, com apoio do Pentágono. Três autoridades estadunidenses, sob condição de anonimato, confirmaram a ação ao Washington Post, sem divulgar a localização exata ou o tipo de carga. A agência Reuters informou que a interceptação ocorreu na costa da Venezuela, em águas internacionais.

De acordo com o New York Times, o navio tinha bandeira do Panamá e transportava petróleo venezuelano. A embarcação não consta da lista pública de petroleiros sancionados pelo Departamento do Tesouro. Fontes da indústria petrolífera venezuelana disseram ao jornal que a carga pertenceria a uma empresa comercial sediada na China, com histórico de transporte de petróleo bruto venezuelano para refinarias chinesas.

É a segunda apreensão nas últimas semanas em meio ao aumento da presença militar estadunidense no Caribe. Em 10 de dezembro, forças dos EUA capturaram outro petroleiro em águas próximas à costa venezuelana. Na ocasião, Trump declarou que os EUA haviam tomado “um navio muito grande por uma ótima razão”. Questionado sobre o destino da carga, respondeu: “Acho que vai ficar conosco”.

Veja a ação no dia 10 de dezembro

A Venezuela, que detém as maiores reservas de petróleo do mundo, depende fortemente das exportações do setor. Em reação às apreensões, o presidente Nicolás Maduro afirmou em comunicado que o país “exige o fim da intervenção brutal e ilegal dos Estados Unidos”.

O cerco amplia a pressão de Washington contra o governo Maduro, considerado ilegítimo pelos EUA, e ocorre após ameaças de bombardeios e envio de tropas no contexto de operações no Caribe, com saldo de mais de cem mortes.

Especialistas avaliam que um bloqueio às exportações venezuelanas equivaleria a um ato de guerra, com potencial de asfixiar a economia e ampliar a pressão pela saída de Maduro. Por outro lado, a escalada tende a elevar críticas na América Latina, especialmente no Brasil.

Nicolas Maduro e Lula. Foto: Ricardo Stuckert

Lula e a crise na Venezuela

Durante a cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, o presidente Lula (PT) alertou para os riscos de uma intervenção armada. “Os limites do direito internacional estão sendo testados. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, afirmou.

O petista também evocou a Guerra das Malvinas ao dizer que, “passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional”.

Em sentido oposto, o presidente da Argentina, Javier Milei, elogiou a pressão dos EUA sobre Caracas. “A Venezuela continua sofrendo de uma crise política, humanitária e social devastadora. A ditadura atroz e desumana do narcoterrorista Nicolás Maduro amplia uma sombra escura sobre nossa região. Esse perigo e essa vergonha não podem continuar existindo no nosso continente”, disse.

“A Argentina saúda a pressão dos EUA e de Donald Trump para libertar o povo venezuelano. O tempo de ter uma abordagem tímida nessa matéria se esgotou”, acrescentou em tom de vassalagem aos Estados Unidos, poucas semanas após firmar um acordo de resgate financeiro, essencial para lhe garantir vitória nas eleições legislativas.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.