
A condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) movimentou o tabuleiro político e abriu espaço para que aliados do presidente Lula avaliem o fortalecimento da candidatura de Tarcísio de Freitas à Presidência em 2026. Governistas enxergam o governador de São Paulo como o nome mais viável do campo conservador após a inelegibilidade do ex-presidente, que já soma 27 anos de prisão em condenações no STF. Com informações da Folha de S.Paulo.
Auxiliares de Lula afirmam que a pavimentação dessa rota se consolidou nos dias que antecederam o julgamento do Supremo. Tarcísio se reuniu com lideranças políticas, defendeu a anistia aos envolvidos na tentativa de golpe e criticou diretamente os ministros da Corte.
Logo depois, o centrão intensificou a defesa do governador como candidato ao Planalto, reforçando que as movimentações foram combinadas com o próprio Bolsonaro em encontros recentes. Lula tem dito a interlocutores que Tarcísio será o nome do Centrão em 2026 e que, a partir de agora, deve endurecer sua postura contra o governo federal.
O presidente destacou a mudança de comportamento do governador, que no início do mandato demonstrava disposição para parcerias institucionais. A expectativa é que Tarcísio nacionalize cada vez mais seu discurso, obrigando o PT a adotar estratégias de desgaste político.
A primeira reação já foi posta em prática em São Paulo, onde o PT lançou campanha publicitária televisiva direcionada exclusivamente ao estado, com críticas à gestão de Tarcísio. Em âmbito nacional, as inserções se concentraram na valorização do governo Lula.
A estratégia visa preparar terreno para 2026, quando o partido pretende estruturar uma chapa competitiva para o Palácio dos Bandeirantes e para as duas cadeiras paulistas no Senado. Entre os nomes cotados, estão o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, lembrada como opção ao Senado.
Sem Tarcísio na disputa estadual, aliados de Lula acreditam que Alckmin teria chances de voltar ao governo paulista, enquanto Haddad segue afastando a hipótese. A definição das candidaturas estaduais, no entanto, será diretamente influenciada pelo cenário presidencial.
Outro ponto de atenção é a relação com o Congresso. A condenação de Bolsonaro aumentou a pressão pela votação de uma anistia aos envolvidos nos atos golpistas. No Planalto, a ordem é resistir à pauta e impedir que avance ao plenário, diante da avaliação de que hoje haveria votos suficientes para aprovação.
Paralelamente, a estratégia será manter a agenda legislativa ativa com a tramitação de medidas sociais que reforcem a imagem de Lula junto ao eleitorado. No campo internacional, cresce a preocupação com os desdobramentos da política americana.
Integrantes do governo avaliam que a condenação de Bolsonaro pode levar Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, a intensificar sanções contra o Brasil e autoridades brasileiras. A sobretaxa de 50% a produtos nacionais já é considerada um sinal de ofensiva, e há receio de que a disputa eleitoral brasileira de 2026 sofra influência direta da Casa Branca.