EUA criam apenas 22 mil vagas em agosto em forte desaceleração do mercado de trabalho

Atualizado em 5 de setembro de 2025 às 17:17

O mercado de trabalho dos Estados Unidos praticamente parou em agosto. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (5) pelo Escritório de Estatísticas Trabalhistas (Bureau of Labor Statistics, BLS), foram criadas apenas 22 mil vagas, muito abaixo da expectativa de 75 mil. O órgão ainda revisou os números de junho, que passaram a indicar perda líquida de postos, enquanto julho teve pequena alta.

Economistas apontam que as políticas de Donald Trump empurraram a economia para um cenário de baixo crescimento e inflação persistente. As tarifas sobre importações e os cortes de gastos federais têm alimentado incertezas, dificultando contratações. Ao mesmo tempo, os índices de inflação continuam acima da meta de 2% do Banco Central americano (Federal Reserve, Fed).

Trump voltou a pressionar o Fed a reduzir juros. “Jerome ‘Tarde Demais’ Powell deveria ter baixado as taxas há muito tempo. Como sempre, ele está atrasado”, escreveu nas redes sociais. Até agora, o banco central tem resistido, temendo que as tarifas impulsionem novos aumentos de preços.

O relatório de agosto foi o primeiro desde a demissão de Erika McEntarfer, ex-chefe do BLS, acusada por Trump de divulgar dados imprecisos. Economistas veem risco de politização do órgão. O novo indicado, E.J. Antoni, economista da Fundação Heritage, think tank de extrema direita, já defendeu suspender a publicação mensal de dados de emprego, o que gerou críticas de analistas e preocupação entre investidores globais.

Sinais de enfraquecimento já vinham sendo observados. A consultoria Challenger apontou alta de 39% nos anúncios de demissões em agosto e o menor número de vagas anunciadas para o mês desde 2009. A Processadora Automática de Dados (Automatic Data Processing, ADP) informou que o setor privado abriu apenas 54 mil postos, também abaixo das estimativas.

O governo alega que o mercado de trabalho estaria mais favorável a trabalhadores nativos, mas especialistas como Ben Zipperer, do Instituto de Política Econômica (Economic Policy Institute, EPI), contestam. Segundo ele, os dados do BLS mostram que a taxa de desemprego entre norte-americanos nativos, de 4,6%, é a mais alta em oito anos. “Na prática, o mercado de trabalho para esses trabalhadores está pior em 2025 do que nos anos anteriores”, afirmou.