EUA vão enviar delegação à Venezuela em nova frente contra a Rússia

Os Estados Unidos hoje se veem diante de uma pressão interna e externa para suspender as compras de petróleo da Rússia, diz o New York Times

Atualizado em 6 de março de 2022 às 9:06
Biden e Maduro
Biden e Maduro. Foto: AFP

Os representantes do alto escalão do governo dos Estados Unidos (EUA) irão à Venezuela neste final de semana para reuniões com integrantes do governo comandado por Nicolás Maduro, em um movimento visto como tentativa de afastar Caracas da Rússia.

Os russos são um aliado que, hoje, está cada vez mais isolado por conta da invasão da Ucrânia, de acordo com a publicação. Não se sabe com quem os estadunidenses vão se encontrar, ou quanto tempo passarão no país. Essas informações foram dadas pelo jornal New York Times.

Os Estados Unidos hoje se veem diante de uma pressão interna e externa para suspender as compras de petróleo da Rússia. Contudo, isso não é uma tarefa fácil que possa ser feita de um dia para o outro: em 2021, os EUA importaram cerca de 20,4 milhões de barris vindos dos poços russos por mês, correspondendo a cerca de 8% do total comprado do exterior.

Por essa situação, a Venezuela foi apontada como um provável substituta para manter os níveis de fornecimento. Mas para isso será necessário se aproximar de Maduro, além de reverter as sanções impostas pelo governo de Donald Trump ao setor petrolífero venezuelano, e de ignorar que, no momento, o país está aumentando sua produção graças ao apoio de outro aliado: o Irã. Hoje, a produção interna mensal está em torno de 755 mil barris por dia.

Segundo o New York Times, um eventual diálogo com Caracas está sendo costurado, dentre outros nomes, pelo ex-deputado republicano Scott Taylor, em parceria com o lobista Robert Stryk, que representou rapidamente Maduro nos Estados Unidos em 2020 e ainda mantém contato com integrantes do governo. Stryk disse ter conversado com um empresário venezuelano, na sexta-feira, e escutou de aliados de Maduro que querem retomar o diálogo com Washington.

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O que falta saber nessa situação com os EUA?

Resta saber se a Venezuela estará disposta a ajudar. Diante das sanções contra Caracas, em 2019, a Rússia intensificou suas relações econômicas com o país, servindo como um dos seus principais canais de financiamento.

Moscou ainda realizou exercícios militares em parceria com os venezuelanos, inclusive com a participação dos bombardeiros Tupolev Tu-160, em 2018 .

No ano passado, o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, chegou a sugerir o envio de militares russos para a Venezuela e Cuba, caso a diplomacia falhasse. Depois do início da guerra, Maduro demonstrou seu “forte apoio” ao Kremlin, e conversou com Vladimir Putin pelo menos duas vezes em fevereiro.

Ao mesmo tempo, o país sul-americano foi um dos aliados da Rússia a não votar em duas resoluções apresentadas na Assembleia Geral da ONU condenando a invasão russa, e o próprio Maduro se mostrou aberto a discutir a retomada das vendas de seu petróleo para os americanos.