
Nesta sexta-feira (23), uma ampla coalizão internacional expressou sua rejeição à decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, mais alta corte do país, de validar a vitória do presidente Nicolás Maduro nas eleições realizadas em julho. A decisão do orgão, que é visto como aliado de Maduro, gerou uma onda de críticas e pedidos por uma auditoria independente.
Ontem, o TSJ respaldou a vitória de Maduro, confirmando o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), também alinhado ao presidente. No entanto, o tribunal não apresentou a contagem de votos, o que tem sido amplamente solicitado pela oposição e pela comunidade internacional.
Em um comunicado conjunto, Estados Unidos, Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai manifestaram sua discordância com a decisão. Os países signatários exigem uma “auditoria imparcial” dos votos e expressaram seu descontentamento com a falta de transparência no processo eleitoral.
“Nossos países já haviam manifestado o desconhecimento da validez da declaração do CNE (de que Maduro venceu as eleições), logo depois de que o aesso dos representantes da oposição à contagem de votos foi impedida, da não publicação das atas (eleitorais, que contabilizam os votos) e da recusa posterior em que se fizesse uma auditoria imparcial e independente”, diz a nota.
Até o momento, o Brasil ainda não se pronunciou oficialmente sobre a decisão do TSJ, mas deve fazer um comunicado conjunto com a Colômbia em breve.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel, também criticou a decisão do TSJ, afirmando que o respaldo à vitória de Maduro “não tem nenhuma credibilidade”. Ele afirmou que as planilhas de contagem de votos, verificadas de forma independente, mostram que os eleitores venezuelanos escolheram Edmundo Gonzalez como seu futuro líder.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) também se manifestou contra a decisão, afirmando que “rechaça completamente” o respaldo ao resultado das eleições. Eles ainda criticaram a forma como o CNE proclamou Maduro como reeleito, destacando a falta de transparência e a base matemática duvidosa dos números apresentados.
A União Europeia, através do alto representante Josep Borrell, declarou que não reconhecerá um novo governo de Nicolás Maduro sem evidências claras de sua vitória. Ele afirmou: “É preciso provar esse resultado eleitoral. Até agora não vimos nenhuma prova e, enquanto não virmos um resultado que seja verificável, não vamos reconhecer (a vitória).”
A decisão do TSJ, que confirmou a vitória de Maduro com base na revisão das atas eleitorais, também gerou controvérsia devido à proibição de divulgação desses documentos. A presidente do TSJ, Caryslia Rodriguez, afirmou que a decisão é irreversível e que qualquer contestação resultará na exclusão dos candidatos das próximas eleições.