EUA e Japão firmam acordo sobre minerais críticos e terras raras

Atualizado em 28 de outubro de 2025 às 10:12
O presidente dos EUA, Donald Trump, e a primeira-ministra do Japão, Sanae Taikichi, durante visita de Estado do americano. Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP

Os Estados Unidos e o Japão assinaram nesta segunda-feira (27), pela manhã de terça (28) em Tóquio, um acordo-quadro sobre o fornecimento e processamento de minerais críticos e terras raras, informou a Casa Branca. O objetivo é garantir o abastecimento estratégico desses insumos e reduzir a dependência global da China, que domina o mercado mundial.

O documento foi firmado durante a visita do presidente Donald Trump ao Japão, parte de sua viagem pela Ásia. A parceria visa fortalecer as cadeias de suprimento de matérias-primas essenciais para setores como energia renovável, eletrônicos, defesa e veículos elétricos.

“O acordo ajudará ambos os países a fortalecer a segurança econômica, promover o crescimento econômico e, assim, contribuir continuamente para a prosperidade global”, afirma o texto divulgado pela Casa Branca.

Cooperação e novas regras de licenciamento

Segundo o comunicado oficial, EUA e Japão cooperarão em políticas econômicas e investimentos coordenados para acelerar o desenvolvimento de mercados diversificados e justos de minerais críticos e terras raras.

Como parte do acordo, os dois países também decidiram simplificar prazos e processos de licenciamento, reduzindo a burocracia para novos projetos de mineração e refino. Além disso, pretendem combater políticas comerciais desleais e práticas que distorcem o mercado internacional.

O pacto ainda prevê a criação de estoques estratégicos compartilhados e a cooperação com outros parceiros internacionais para reforçar a segurança da cadeia de suprimentos.

Reação à dominância da China

Atualmente, a China processa mais de 90% das terras raras do mundo e ampliou recentemente suas restrições de exportação, impondo novas regras de controle e fiscalização a empresas estrangeiras.

Em contraste, os Estados Unidos operam apenas uma mina de terras raras, o que os torna vulneráveis na produção de componentes essenciais para tecnologias de ponta. O governo Trump tem buscado diversificar as fontes de abastecimento e deve se reunir com o líder chinês Xi Jinping na quinta-feira (30) para discutir o tema.

No domingo (26), autoridades econômicas dos dois países já haviam elaborado uma proposta de estrutura comercial para que Trump e Xi possam finalizar um novo acordo econômico.

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que as negociações eliminaram a ameaça de tarifas de 100% sobre importações chinesas previstas para novembro. Pequim, porém, adotou tom mais cauteloso e evitou detalhar os avanços.

Terras raras: o novo ouro tecnológico

As chamadas terras raras são um grupo de 17 elementos químicos essenciais para a fabricação de produtos como baterias, ímãs, turbinas e sistemas de defesa. Embora abundantes em várias regiões do planeta, o refino e o processamento desses minerais são etapas complexas e dominadas quase exclusivamente pela China.

O controle chinês preocupa o Ocidente. A União Europeia importa entre 80% e 100% dos elementos mais leves da China, e a dependência chega a 100% nos metais mais pesados.

Além da China, o Brasil é outro país com grandes reservas desses minerais, tornando-se alvo de interesse internacional, inclusive dos Estados Unidos.

Nos últimos anos, EUA e União Europeia vêm formando reservas estratégicas de terras raras e outros materiais críticos, em uma tentativa de proteger suas indústrias e reduzir a vulnerabilidade frente ao domínio chinês.