
Os Estados Unidos e a Rússia anunciaram, nesta terça-feira (18), a formação de “equipes de alto nível” para negociar o fim da guerra na Ucrânia, em uma movimentação que exclui o governo ucraniano das tratativas. O anúncio foi feito após uma reunião entre autoridades dos dois países na Arábia Saudita, que marcou o primeiro diálogo oficial sobre um possível acordo de paz desde o início do conflito.
Em resposta, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou a iniciativa, afirmando que negociações feitas “pelas costas” de seu país e da Europa são inaceitáveis.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, concordaram em nomear equipes para trabalhar em um acordo que encerre a guerra. A reunião ocorreu menos de uma semana após os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin conversarem por telefone e concordarem em iniciar “imediatamente” as negociações.
“Negociações feitas pelas costas da Ucrânia e da Europa não são aceitáveis. Os países europeus devem ser incluídos nas tratativas pelo fim da guerra”, afirmou Zelensky. Ele também destacou que não cederá a ultimatos da investida americana e russa, reforçando sua posição de que a soberania ucraniana não será negociada.

O encontro em Riade teve como objetivo principal discutir o fim do conflito na Ucrânia, mas também abordou a restauração das relações bilaterais entre EUA e Rússia e a preparação para um possível encontro entre Trump e Putin.
Yuri Ushakov, assessor de política externa da presidência russa, afirmou que a reunião foi produtiva e que “foi uma conversa séria sobre todas as questões”. Ele também mencionou que detalhes sobre um futuro encontro entre os presidentes foram discutidos.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do governo de Putin, Maria Zakharova, reforçou a posição de Moscou contra a adesão da Ucrânia à Otan, pedindo que a aliança militar volte atrás na promessa de integrar o país. Apesar disso, o Kremlin afirmou que não ditará questões relativas à soberania ucraniana, embora mantenha divergências sobre a segurança e alianças militares do país.
A exclusão da Ucrânia das negociações gerou desconfiança e críticas, especialmente na Europa. O adiamento da visita de Zelensky à Arábia Saudita, inicialmente marcada para quarta-feira (19), foi visto como uma tentativa de não dar “legitimidade” à reunião entre EUA e Rússia. A visita foi remarcada para março, segundo a agência de notícias Reuters.
A ligação entre Trump e Putin, que reverteu anos de política de isolamento dos Estados Unidos em relação à Rússia após a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, foi um choque para a Europa.
Agora, países europeus se movimentam para garantir que não sejam excluídos das negociações de paz. A União Europeia teme que um acordo entre EUA e Rússia possa comprometer a segurança e os interesses do continente.
Além das discussões sobre a Ucrânia, as autoridades estadunidenses e russas também trataram de uma futura cooperação econômica entre os dois países. Kirill Dmitriev, chefe do fundo monetário independente russo, afirmou à Reuters que temas como preços globais no mercado de energia foram abordados durante o encontro.
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