
O governo dos Estados Unidos concedeu vistos restritos a oito senadores brasileiros que desembarcaram em Washington nesta semana com uma missão clara: convencer autoridades americanas a recuar da proposta do presidente Donald Trump de impor uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros.
Os vistos, válidos até 2027, foram emitidos exclusivamente para fins oficiais e trazem a inscrição “official travel only”, indicando que sua utilização está limitada a compromissos de natureza diplomática ou institucional.
O tipo de visto concedido é comum a diplomatas e representantes de Estado em missão. Ele permite a entrada e permanência nos Estados Unidos para participação em reuniões, negociações ou eventos oficiais. Quando fora dessas atividades, o titular do documento, em tese, não poderia utilizar o visto para fins turísticos.
“Diplomatas, por exemplo, obtêm esse tipo de visto quando viajam em missão. Quando querem passear, eles pedem o visto de turista. Alguns têm ambos no passaporte”, explicou uma fonte do Itamaraty ouvida pela reportagem.
Ainda assim, segundo um diplomata que acompanha a delegação, na prática não há uma fiscalização rígida sobre os deslocamentos de quem entra nos EUA com esse tipo de visto. “É possível circular e visitar pontos turísticos, mas a recomendação é cumprir estritamente a agenda oficial, principalmente em tempos de tensão diplomática como o atual”, ponderou o interlocutor.

A delegação brasileira é formada pelos senadores Carlos Viana (Podemos-MG), Jaques Wagner (PT-BA), Rogério Carvalho (PT-SE), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), Teresa Cristina (PP-MS), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL).
O grupo representa diferentes partidos e composições ideológicas, em uma articulação considerada rara no atual cenário político brasileiro, o que sinaliza a preocupação comum com o impacto das medidas econômicas anunciadas por Trump.
A missão dos parlamentares buscam sensibilizar autoridades americanas, legisladores do Congresso e setores empresariais sobre os efeitos negativos que a tarifa de 50% pode ter nas exportações brasileiras, sobretudo em setores como aço, alumínio e produtos agrícolas.
O grupo tenta também apresentar argumentos técnicos e jurídicos para contestar a medida dentro dos parâmetros da Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo integrantes da comitiva, há expectativa de realizar encontros com representantes do Departamento de Estado, do Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) e de grandes empresas importadoras.