
Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (24) o envio do porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior e mais avançado do mundo, para o Caribe e a América do Sul. A movimentação militar amplia a presença americana na região e eleva a tensão com países como Venezuela e Colômbia.
Segundo o Pentágono, a operação visa “detectar, monitorar e desmantelar atividades ilícitas” que ameacem a segurança dos EUA e do Hemisfério Ocidental. O secretário de Defesa Pete Hegseth afirmou que a missão integra a diretriz do presidente Donald Trump de combater o narcotráfico internacional e organizações criminosas transnacionais.
O grupo de ataque liderado pelo USS Gerald R. Ford inclui três contratorpedeiros, caças F-18 e helicópteros de combate. As embarcações somam-se a um submarino e jatos F-35 já deslocados para Porto Rico. Estima-se que cerca de 10 mil militares americanos estejam mobilizados na região.
O anúncio ocorre após o 10º bombardeio de uma embarcação suspeita de tráfico de drogas, que deixou 43 mortos. Trump classificou os grupos envolvidos como “narcoterroristas” e prometeu tratá-los “como a Al-Qaeda”.
O Pentágono informou ainda que os EUA realizarão exercícios militares conjuntos com Trinidad e Tobago, país a poucos quilômetros do litoral da Venezuela, ampliando o cerco militar na área. A escalada tem gerado forte reação em Caracas.

O governo de Nicolás Maduro considera as ações americanas uma ameaça direta e mantém suas tropas em alerta desde agosto. Nesta semana, o presidente venezuelano fez um apelo pela paz, dizendo em inglês: “Peace, forever peace. No crazy war”.
Apesar do tom conciliador, Maduro destacou o apoio de aliados como Rússia e China e afirmou que a Venezuela possui “equipamentos suficientes para garantir a paz”, mencionando sistemas antiaéreos de origem russa.
A retórica belicosa entre Washington e Caracas reacende o temor de um conflito regional. Para analistas, a presença do USS Gerald R. Ford, um porta-aviões com tecnologia de ponta e capacidade para mais de 4 mil tripulantes, representa o maior deslocamento militar dos EUA no Caribe desde a Guerra Fria.
O Pentágono não divulgou a rota nem o tempo de permanência da frota no Atlântico Sul, mas reforçou que as ações fazem parte de uma “estratégia de dissuasão” voltada ao combate ao tráfico e à proteção dos interesses americanos. O gesto, contudo, é visto por governos sul-americanos como uma provocação.
Na Venezuela, reservistas foram convocados para reforçar a defesa costeira, e 73 exercícios militares foram realizados apenas na quinta-feira (23). Maduro disse que o país “não busca conflito”, mas que “responderá a qualquer violação territorial”.