EUA ligam cartel de drogas a Maduro e querem enquadrá-lo como líder de grupo terrorista

Atualizado em 17 de novembro de 2025 às 6:01
Donald Trump e Nicolás Maduro em montagem de duas fotos
Donald Trump e Nicolás Maduro – Reprodução

O governo de Donald Trump anunciou neste domingo (16) que irá classificar o Cartel de los Soles, grupo criminoso venezuelano, como Organização Terrorista Estrangeira. O secretário de Estado Marco Rubio afirmou que pretende formalizar a designação e associou o presidente Nicolás Maduro à direção do cartel, apontando, sem provas, vínculos com o tráfico de drogas e com organizações que já receberam a mesma classificação pelos Estados Unidos. Com informações do Globo.

Diplomatas de países da região afirmaram que a medida ocorre paralelamente a outras ações adotadas por Washington nos últimos dias. O Secretário de Guerra, Pete Hegseth, declarou que as forças norte-americanas foram orientadas a tratar todos os cartéis classificados como terroristas da mesma forma que lidaram com grupos como a Al Qaeda. A declaração foi feita enquanto os Estados Unidos iniciam a operação militar chamada “Lança do Sul”.

Segundo autoridades norte-americanas, a operação foi apresentada como uma ação contra “narcoterroristas no hemisfério ocidental” e será conduzida em cooperação com o Comando Militar Sul, responsável por missões no Caribe e na América Latina. O governo não informou detalhes sobre o local exato da atuação militar, mas a movimentação ocorre dias após a chegada ao mar do Caribe do maior porta-aviões do mundo.

Colômbia, México e Brasil classificam o cenário como assunto de alta gravidade. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender posições contrárias a ações militares na região. Em Bogotá, o governo de Gustavo Petro anunciou a suspensão do compartilhamento de informações de inteligência com os Estados Unidos diante do novo quadro.

No México, a presidente Claudia Sheinbaum reiterou a defesa da “autodeterminação dos povos” ao comentar a tensão entre Washington e Caracas. A posição mexicana acompanha manifestações recentes feitas por diplomatas do país nas discussões multilaterais sobre segurança regional.

Blocos de integração da América Latina não definiram iniciativas conjuntas para lidar com o impasse. A Celac permanece dividida sobre possíveis respostas a uma eventual agressão. Na OEA, a presença dos Estados Unidos limita avanços. Já no Mercosul, divergências entre Javier Milei e Lula dificultam encaminhamentos comuns sobre posicionamentos relacionados à Venezuela.

Rubio afirmou que o governo norte-americano considera o Cartel de los Soles responsável por crimes transnacionais. Ele citou também o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa como grupos já enquadrados na mesma categoria. Segundo o secretário, a designação busca restringir recursos e operações dessas redes no continente.

Caracas rejeitou as acusações e afirmou que ações militares dos Estados Unidos ameaçam a soberania venezuelana. O governo de Nicolás Maduro sustentou que a iniciativa norte-americana não apresenta provas sobre a participação de autoridades venezuelanas no cartel e classificou a operação no Caribe como tentativa de pressionar o país politicamente.

A ampliação da presença militar norte-americana na região ocorre enquanto Washington reforça monitoramento no Caribe e no Pacífico. Autoridades dos EUA sustentam que as ações fazem parte da política de combate ao tráfico de drogas. Governos latino-americanos, entretanto, acompanham as discussões no Conselho de Segurança da ONU e aguardam novos desdobramentos diplomáticos antes de adotar medidas coletivas.

Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.