
O governo de Donald Trump anunciou neste domingo (16) que irá classificar o Cartel de los Soles, grupo criminoso venezuelano, como Organização Terrorista Estrangeira. O secretário de Estado Marco Rubio afirmou que pretende formalizar a designação e associou o presidente Nicolás Maduro à direção do cartel, apontando, sem provas, vínculos com o tráfico de drogas e com organizações que já receberam a mesma classificação pelos Estados Unidos. Com informações do Globo.
Diplomatas de países da região afirmaram que a medida ocorre paralelamente a outras ações adotadas por Washington nos últimos dias. O Secretário de Guerra, Pete Hegseth, declarou que as forças norte-americanas foram orientadas a tratar todos os cartéis classificados como terroristas da mesma forma que lidaram com grupos como a Al Qaeda. A declaração foi feita enquanto os Estados Unidos iniciam a operação militar chamada “Lança do Sul”.
Segundo autoridades norte-americanas, a operação foi apresentada como uma ação contra “narcoterroristas no hemisfério ocidental” e será conduzida em cooperação com o Comando Militar Sul, responsável por missões no Caribe e na América Latina. O governo não informou detalhes sobre o local exato da atuação militar, mas a movimentação ocorre dias após a chegada ao mar do Caribe do maior porta-aviões do mundo.
.@StateDept intends to designate Cartel de los Soles as a Foreign Terrorist Organization (FTO). Headed by the illegitimate Nicolás Maduro, the group has corrupted the institutions of government in Venezuela and is responsible for terrorist violence conducted by and with other…
— Secretary Marco Rubio (@SecRubio) November 16, 2025
Colômbia, México e Brasil classificam o cenário como assunto de alta gravidade. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender posições contrárias a ações militares na região. Em Bogotá, o governo de Gustavo Petro anunciou a suspensão do compartilhamento de informações de inteligência com os Estados Unidos diante do novo quadro.
No México, a presidente Claudia Sheinbaum reiterou a defesa da “autodeterminação dos povos” ao comentar a tensão entre Washington e Caracas. A posição mexicana acompanha manifestações recentes feitas por diplomatas do país nas discussões multilaterais sobre segurança regional.
Blocos de integração da América Latina não definiram iniciativas conjuntas para lidar com o impasse. A Celac permanece dividida sobre possíveis respostas a uma eventual agressão. Na OEA, a presença dos Estados Unidos limita avanços. Já no Mercosul, divergências entre Javier Milei e Lula dificultam encaminhamentos comuns sobre posicionamentos relacionados à Venezuela.
Rubio afirmou que o governo norte-americano considera o Cartel de los Soles responsável por crimes transnacionais. Ele citou também o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa como grupos já enquadrados na mesma categoria. Segundo o secretário, a designação busca restringir recursos e operações dessas redes no continente.
Caracas rejeitou as acusações e afirmou que ações militares dos Estados Unidos ameaçam a soberania venezuelana. O governo de Nicolás Maduro sustentou que a iniciativa norte-americana não apresenta provas sobre a participação de autoridades venezuelanas no cartel e classificou a operação no Caribe como tentativa de pressionar o país politicamente.
A ampliação da presença militar norte-americana na região ocorre enquanto Washington reforça monitoramento no Caribe e no Pacífico. Autoridades dos EUA sustentam que as ações fazem parte da política de combate ao tráfico de drogas. Governos latino-americanos, entretanto, acompanham as discussões no Conselho de Segurança da ONU e aguardam novos desdobramentos diplomáticos antes de adotar medidas coletivas.