Salvador García Soto, jornalista do site Serpientes e Escaleras, traz detalhes sobre uma possível ofensiva legal contra o ex-presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que estaria sendo articulada nos Estados Unidos.
A mensagem de Ernesto Zedillo, na qual recomendou à presidenta Claudia Sheinbaum que se desvinculasse de seu antecessor, reflete uma movimentação em Washington para acusar López Obrador de pactos com o narcotráfico e buscar sua convocação pelas autoridades americanas.
Zedillo foi presidente do México de 1994 até 2000, como o último dos 71 anos ininterruptos de mandatários mexicanos do Partido Revolucionário Institucional.
Encabeçada pelo secretário de Estado dos EUA apontado por Donald Trump, Marco Rubio, a ofensiva teria como base declarações de Ismael “El Mayo” Zambada e dos filhos de Joaquín “El Chapo” Guzmán ao Departamento de Justiça.
Além disso, políticos mexicanos, incluindo um ex-governador do PAN (Partido de Ação Nacional), um ex-chanceler e um ex-embaixador, estariam colaborando com informações e testemunhas.
Fontes próximas a Rubio confirmam a preparação de um caso contra López Obrador, que Rubio já acusou publicamente de ceder território aos cartéis mexicanos.
“Estamos reunindo elementos, baseados em declarações de chefes do narcotráfico em poder do Departamento de Justiça, para documentar os acordos que fortaleceram os cartéis”, afirmou uma fonte.
Embora sem precedentes históricos, as acusações contra López Obrador têm sido recorrentes por parte de congressistas e órgãos americanos, incluindo o Departamento de Estado, que estimou que “30% do território mexicano está sob controle de cartéis”.
Zedillo, durante um fórum no Instituto Tecnológico Autônomo do México, ITAM, advertiu Sheinbaum sobre as dificuldades que seu governo enfrentará e sugeriu que pautasse reformas constitucionais para fortalecer a democracia.
Ele falou sobre ameaças “de nuvens e tempestades” que pairam sobre o México com o início do governo de Donald Trump e as mudanças que se aproximam na relação com os Estados Unidos e na ordem mundial”.
Em resposta, Sheinbaum reafirmou lealdade a López Obrador e destacou sua relação com Donald Trump na assinatura do T-MEC (Acordo Estados Unidos-México-Canadá), além de criticar Zedillo por sua atuação no Judiciário durante seu mandato.
Sheinbaum enfatizou: “Os alicerces foram colocados pelo melhor presidente, Andrés Manuel López Obrador, e nossa tarefa é consolidar e avançar.”
Enquanto Washington prepara uma inédita ofensiva contra López Obrador, Sheinbaum deixa claro que sua lealdade permanece intacta, enfrentando os desafios ao lado de quem a levou à presidência.
“Quero me referir a um tema relevante neste momento, que é a relação entre o México e os Estados Unidos. Como sabemos, tivemos momentos muito dolorosos em nossa história, mas destaquei os bons exemplos de respeito às nossas soberanias e de colaboração e apoio. Destaco também a boa relação de respeito e colaboração do primeiro mandato do presidente Donald Trump com o presidente Andrés Manuel López Obrador, em particular a assinatura do Tratado Comercial entre México, Estados Unidos e Canadá, que tanto tem beneficiado nossos povos”, disse.