EUA retiram certificação da Colômbia de aliada no combate às drogas

Atualizado em 16 de setembro de 2025 às 12:09
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro. Foto: Reprodução

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou que o país perdeu a certificação de aliado na guerra contra as drogas concedida pelos Estados Unidos. A decisão ocorre em meio ao aumento da produção de cocaína no território colombiano.

“Os EUA estão nos descertificando”, disse Petro durante uma reunião de gabinete na segunda-feira. “Depois de dezenas de mortes, policiais, soldados, pessoas comuns, tentando evitar que a cocaína chegue até eles.”

Com a medida, a Colômbia passa a integrar a lista de “rogue states”, usada pelos EUA para classificar países que, segundo a legislação americana, “falharam de maneira demonstrável durante os últimos 12 meses tanto em cumprir suas obrigações sob os acordos internacionais de luta contra o narcotráfico como em tomar as medidas requeridas”. Bolívia, Venezuela, Afeganistão e Mianmar também fazem parte do grupo.

Apesar da descertificação, a Casa Branca não suspendeu a ajuda, alegando que a cooperação ainda é de “interesse vital para a segurança nacional”.

Impactos econômicos e risco para investidores

Um estudo da Câmara de Comércio Colombo-Americana aponta que a decisão pode reduzir em até US$ 1 bilhão por ano a receita do turismo, caso os EUA intensifiquem alertas de viagem para a Colômbia. Além disso, há risco de retração nos investimentos estrangeiros, diminuição da cooperação bilateral e até 60% de redução no acesso a crédito de financiadores multilaterais.

Nas últimas décadas, a Colômbia recebeu aproximadamente US$ 14 bilhões em recursos dos Estados Unidos, incluindo assistência militar para combater cartéis de drogas.

Tensões entre Petro e Trump

Desde a posse do presidente americano, Donald Trump, a relação com Gustavo Petro vem se deteriorando. O republicano responsabiliza diretamente o governo colombiano pela decisão e critica o aumento da produção de drogas.

“O fracasso da Colômbia em cumprir suas obrigações no controle de drogas no último ano recai inteiramente sobre sua liderança política”, disse Trump.

Petro, por sua vez, tem defendido uma política de “paz total” por meio de negociações com guerrilhas e exércitos privados do narcotráfico. No entanto, a estratégia ainda não trouxe desmobilizações significativas.

Produção de cocaína em alta histórica

A Colômbia vive uma alta recorde na produção de cocaína. Atualmente, o país produz mais de seis vezes a quantidade registrada em 1993, ano da morte de Pablo Escobar. O cultivo da folha de coca cresceu 10% no último ano, alcançando 253 mil hectares — suficientes para produzir mais de 2.600 toneladas de cocaína pura, número superior ao somado por Peru e Bolívia.

Em comunicado, a Embaixada da Colômbia em Washington ressaltou que os dois países seguirão cooperando no combate ao narcotráfico e criticou a forma como o governo Trump retratou os esforços colombianos.

“A determinação dos EUA concedeu uma exceção que permite a continuidade da cooperação bilateral”, afirmou a embaixada. “Essa decisão reafirma a importância do nosso trabalho conjunto.”